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Reportagem publicada em 27/06/2006 Última atualização 27/06/2006 19:31 TU
As forças palestinas, sob pressão dos tanques israelenses, estão procurando o soldado sequestrado.
Foto: AFP
“Mais uma vez, na hora em que alguma forma de diálogo ia recomeçar entre Israel e a Autoridade Palestina, a região está à beira da explosão. O ataque deslanchado por grupos radicais palestinos contra soldados israelenses, no território de Israel, simplesmente cortou qualquer perspectiva de retomada das negociações entre o novo primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas. Pior ainda, a ala militar do Hamas, o partido islâmico do primeiro-ministro palestino, apoiou abertamente a ação contra Israel. E volta a velha engrenagem: um soldado israelense como refém, grupelhos palestinos que pedem a libertação de centenas de detidos nas prisões de Israel, um governo de Tel Aviv que recusa qualquer negociação com terroristas e uma provável intervenção militar pesada na Faixa de Gaza, com mais mortes, destruições, uma paralisia completa de qualquer processo de paz e até o fim do frágil cessar-fogo que vigorava até a semana passada.
... Estes acontecimentos são mais um exemplo da incapacidade de aparecerem interlocutores com um mínimo de credibilidade na região. O drama da Palestina hoje é que nenhum dos líderes ou movimentos que representam o povo palestino tem autoridade e força suficiente para controlar os inúmeros grupos minoritários que não querem nem ouvir falar de paz e tranqüilidade.
... O Oriente Médio é uma das regiões do mundo mais fragmentadas e diversificadas em termos de populações, culturas e religiões.
... Todos eles resolviam o problema da fragmentação cultural e religiosa com uma administração local toda poderosa, confiada a uma das minorias locais apoiada pelos exércitos imperiais.
... O problema é que para isto, é necessário uma presença imperial poderosa que realmente controla o território. Só que hoje em dia, o único candidato a poder hegemônico na região são os Estados Unidos, mas os americanos não têm condições – nem querem – se manter como forças de ocupação territorial a longo prazo.
... Vamos ter que nos habituar a viver com crises permanentes e sem soluções claras, numa região que tem as maiores reservas de energia do planeta. Ou muda-se o modelo energético ou vamos continuar a ter intervenções militares ocasionais para impedir que a coisa exploda de vez. O mundo, por enquanto, vai continuar refém de uma região onde não há saída. É um bom pensamento para se ter na hora de encher o tanque”.
(Crônica de Alfredo Valladão, professor do Instituto de Estudos Políticos, de Paris)
Durante séculos, a região só viveu períodos de estabilidade com impérios fortes e muitas vezes sanguinários: o império persa, o império romano, o império otomano, os impérios francês e inglês. (Alfredo Valladão, na crônica de política internacional Mundo Agora)
27/06/2006
É a primeira vez, em uma década, que um soldado israelense é sequestrado por palestinos (...) O incidente provocou muitas críticas ao exército e aos serviços de inteligência que chegaram a dizer que o ataque à base teria sido uma surpresa. Mas um alto funcionário da inteligência afirmou que o exército já tem informações concretas sobre o paradeiro de Shalit. A imprensa local coloca em dúvida a eficácia do posicionamento das forças de defesa ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza. (Gabriel Toueg, correspondente em Jerusalém)
27/06/2006
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