Busca

/ languages

Choisir langue
 

Eleições EUA

Apesar de admitirem racismo nos EUA, analistas não acreditam que Obama perderá as eleições por ser negro

Reportagem publicada em 27/10/2008 Última atualização 27/10/2008 15:46 TU

O candidato democrata, Barack Obama, segura um bebê em um comitê eleitoral de Brighton, Colorado  Foto: Reuters

O candidato democrata, Barack Obama, segura um bebê em um comitê eleitoral de Brighton, Colorado
Foto: Reuters

Todas as pesquisas indicam uma nítida vitória do democrata Barak Obama nas presidenciais dos Estados Unidos, no próximo dia quatro de novembro. Mas quanto mais o pleito se aproxima, mais gente se pergunta se os americanos vão finalmente eleger um candidato negro ou se, na hora de colocar o voto na urna, o racismo velado de alguns eleitores virá à tona. A possibilidade de uma defasagem entre as pesquisas de opinião e o futuro resultado da votação se baseia no "efeito Bradley", nome que vem de um episódio ocorrido há quase 30 anos, na California.

Em 1982, o então prefeito de Los Angeles, Tom Bradley, concorreu ao governo do estado da Califórnia. A uma semana da eleição, ele tinha mais de 22 pontos de vantagem em relação aos adversários. Mas Bradley perdeu, deixando todo mundo estarrecido. Para os analistas a surpresa foi causada porque a maioria dos eleitores havia mentido ao responder as pesquisas, por vergonha de confessar que era racista.

A antropóloga Maxime Margolis acredita que Obama vencerá com facilidade as eleições de quatro de novembro.  Foto: Maria Emilia Alencar/RFI

A antropóloga Maxime Margolis acredita que Obama vencerá com facilidade as eleições de quatro de novembro.
Foto: Maria Emilia Alencar/RFI

Apesar da segregação racial ter sido abolida nos Estados Unidos em 1964,o racismo existe no pais. No entanto, para a antropóloga americana Maxime Margolis, uma das pioneiras em estudos sobre imigração brasileira, o racismo não influirá no resultado final das eleições. "Ainda existem americanos que não irão votar em Obama por causa da cor, mas eles são a minoria", diz a especialista.

O tema é delicado nos Estados Unidos. Durante a sua campanha,  Obama evitou priorizar a questão racial em seus discursos. Já a postura adotada por seu adversário, o republicano John McCain, seria explorar o medo da diferença, "do outro", como afirma Frederik Mohens, professor convidado do Centro de Estudos sobre Raças e Etnias da Universidade de Columbia. Ele acredita que essa é uma tendência cultivada após o 11 de setembro, pelo governo do atual presidente, George W. Bush.

O professor Frederic Mohens, da Universidade de Columbia, acha que o republicano John McCain explora o racismo dos eleitores através do medo das pessoas em relação a diferença racial de Obama. Foto: Maria Emilia Alencar/RFI

O professor Frederic Mohens, da Universidade de Columbia, acha que o republicano John McCain explora o racismo dos eleitores através do medo das pessoas em relação a diferença racial de Obama.
Foto: Maria Emilia Alencar/RFI

Para Mohens o racismo é evidente no país, começando pelos meios de comunicação. "A pergunta que eu acho inacreditável e que é feita por jornalistas de vez em quando é : Você acha que os Estados Unidos estão preparados para um presidente negro. Só de perguntarem isso, mostra de que existe racismo", garante o professor.

Um estudo  da Universidade de Stanford, na Califórnia, concluiu que um terço dos eleitores brancos simpatizantes democratas tem uma visão negativa dos negros.


Maria Emilia Alencar

Enviada especial aos Estados Unidos

27/10/2008