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Desemprego

Jovens europeus enfrentam degradação do mercado

Reportagem publicada em 12/05/2009 Última atualização 12/05/2009 14:04 TU

Uma jovem inglesa olha os anúncios de emprego numa agência em ManchesterFoto: Reuters

Uma jovem inglesa olha os anúncios de emprego numa agência em Manchester
Foto: Reuters

A desigualdade ganha terreno na Europa, principalmente entre os jovens. Entrar no mercado de trabalho e assumir uma vida adulta está cada vez mais difícil em alguns países. No ano passado, a revolta dos estudantes gregos, confrontados ao desemprego e à falta de perspectivas, gerou uma onda de violência urbana que chamou a atenção do mundo. O problema não atinge só a Grécia. É um fenômeno crescente na França, na Espanha e em outros países do bloco.

Recentemente, os sociólogos franceses Cecile Van de Velde e Camille Peugny lançaram recentemente livros sobre o assunto. Na obra "Devenir adulte. Sociologie comparée de la jeunesse en Europe", da editora PUF, Cecile Van de Velde analisa a questão. De acordo com a pesquisa, países que adotam programas flexíveis e contínuos de formação profissional têm menos problemas. É o caso da Dinamarca, por exemplo, com 5% de desemprego na população em geral, e 12% na faixa de menores de 25 anos.

Na França, onde os jovens em geral são obrigados a escolher a mesma carreira muito cedo, o desemprego na faixa de 25 anos atinge 21%, contra 8% na população em geral. O problema da inserção no mercado de trabalho levou o sociólogo Camille Peugny a escrever um livro intitulado "Le Declassement", da editora Grasset. Na obra, Peugny mostra que, pela primeira vez em décadas, uma geração de franceses não vai alcançar o mesmo padrão de vida dos pais. "Pela primeira vez, em um período de paz, uma geração corre o risco de viver em pior condição do que a geração precedente. O que eu chamo de desqualificação é, por exemplo, filhos de pais que tiveram um bom emprego de gerência exercer uma atividade subalterna, de execução, sem a menor perspectiva de mobilidade e ascenção social.", explica.

No estudo comparativo de países europeus, a socióloga Cecile Van de Velde constatou que o fenômeno de queda do padrão de vida é generalizado entre os jovens, embora se manifeste em graus diferentes de um país para outro. A socióloga critica os programas governamentais adotados na França, focados nos jovens de até 25 anos. Na opinião da socióloga, no mundo hoje, a evolução do capitalismo obriga as pessoas a mudarem de atividade várias vezes durante a vida.

Camille Peugny chama a atenção para o empobrecimento dos jovens na França, principalmente a partir da década de 70. "Segundo o Instituto Francês de Estudos Estatísticos, 45% dos pobres têm menos de 25 anos atualmente, e 75% têm menos de 35 anos. É claro que ainda existem idosos em situação de pobreza, com uma renda mínima, mas houve uma inversão de proporções preocupante."

Diplomas, o segredo do sucesso

A estudante Louisa Acciari encarna a juventude européia qualificada de hoje. Louisa tem 20 anos, está no terceiro ano de Ciências Políticas do Instituto de Estudos Políticos de Paris, a renomada Sciences Po. Atualmente, Louisa faz um ano de intercâmbio universitário na Inglaterra, no âmbito do programa Erasmus, que permite aos universitários europeus estudar durante um ano em uma faculdade de um outro país do bloco.

Louisa frequenta o Kings College of London, outra escola renomada. Perguntei o que ela espera do futuro. "Minhas perspectivas são provavelmente bem melhores do que a da maioria dos jovens franceses, porque estudo em uma das melhores escolas da França e tive a oportunidade de estudar um ano no exterior. No meu caso, não terei muita dificuldade."

(Reportagem de Adriana Moysés)

 ÁUDIO

Adriana Moysés, jornalista da RFI

12/05/2009