Reportagem publicada em 11/06/2009 Última atualização 10/09/2009 15:51 TU
O diretor-geral da Air France-KLM, Pierre-Henri Gourgeon, confirmou nesta quinta-feira que a empresa acelerou o programa de troca dos tubos Pitot na frota dos aparelhos A330/340, mas disse “não estar convencido” de que esses sensores estariam na origem do acidente com o voo 447 que partiu do Rio de Janeiro com destino a Paris no dia 31 de maio e desapareceu no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo.
“Como não estou convencido de que os sensores sejam a causa do acidente, não há motivos para publicar um comunicado”, respondeu Gourgeon quando questionado sobre a falta de transparência da companhia aérea francesa na divulgação de informações sobre o acidente.
Na entrevista, marcada com a Associação dos Jornalistas da Imprensa Aeronáutica e do Espaço ( AJPAE, na sigla em inglês) antes da tragédia com o avião da Airbus, Gourgeon explicou que o programa de troca dos sensores Pitot foi acelerado “porque nós sabíamos que na época desse acidente, houve um problema com o cálculo de velocidade”.
Segundo o diretor-geral da Air France, “a Airbus insiste, e com razão, que os sensores são seguros. É possível que incidentes de congelamento sejam reduzidos com o novo tipo de sensores. Talvez eles não representem melhorias, estamos conversando sobre esse assunto com os investigadores”.
Denúncia
Em sua edição desta quinta-feira, o jornal Le Figaro afirma que o fabricante Airbus avalia a possibilidade de imobilizar a frota de aparelhos A330 e A340 devido aos problemas nos sensores Pitot, apontados como uma das possíveis causas do acidente com o voo AF 447.
Em uma reportagem de página inteira dedicada ao acidente aéreo o jornal explora a hipótese de uma desintegração do aparelho em pleno voo. Essa desintegração teria sido provocada por falhas nos três tubos Pitot que calculam a velocidade do avião.
Em entrevista ao Le Figaro, um especialista de acidentes aéreos explica que além de captarem o ar para calcular a velocidade do avião, os tubos também podem recolher a água da chuva. Se o sistema não estiver bem calibrado, a água nao é drenada e fica acumulada no tubo, provocando um congelamento do equipamendo.
O problema desencaderia uma transmissão de informações contraditórias de velocidade ao computador de bordo. A partir daí o piloto automático é desligado e o comandante deve pilotar sem nenhum instrumento - o que é extremamente difícil, já que o piloto não tem noção da velocidade em que voa. E se a velocidade for alta demais, peças podem se soltar e o aparelho pode se desintegrar em pleno voo.
Le Figaro afirma também que o construtor Airbus poderia aplicar um "princípio de precaução" e imobilizar sua frota mundial de A330 e A340, um total de cerca de mil aparelhos.
O consórcio europeu Airbus desmentiu essa informação e ameaça entrar com um processo contra Le Figaro por difamação.
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