Reportagem publicada em 16/07/2009 Última atualização 20/07/2009 14:25 TU
Brasil e Rússia querem ampliar o comércio bilateral que em 2008 ultrapassou U$8 bilhões.
Foto: Elcio Ramalho/RFI
Nos últimos anos, a aproximação entre Brasil e Rússia se traduziu num aumento do comércio entre os dois países. Em 2008 o intercâmbio comercial chegou a quase 8 bilhões de dólares, um aumento de 46,5% em relação ao ano anterior.
A balança comercial é favorável ao Brasil que exportou no ano passado mais de 4 bilhões e 600 milhões de dólares para a Rússia.
Mais da metade do comércio, cerca de 54%, é de carnes; a maioria bovina, mas também de suína e de frango. Bem atrás vem o açúcar e mais longe ainda, automóveis e tratores.
Como os próprios números indicam, a carne brasileira tem boa aceitação na Rússia, país que se tornou o maior mercado para os produtores brasileiros.
" De janeiro até abril deste ano, a Rússia importou 80 mil toneladas de carne do Brasil. Do segundo colocado foram 40 mil. Tenho certeza que a tendência é só de crescimento", diz Beto Esteves, representante da JBS, uma das maiores empresas exportadoras brasileiras de carne.
Fertilizantes
Os russos exportam para o Brasil principalmente adubos, fertilizantes e produtos usados na agricultura que representam 58% do volume de negócios.
O desafio para os dois países é aumentar e diversificar a pauta comercial e reforçar os diversos projetos de cooperação que estão sendo discutidos pelos dois governos.
O próximo passo para avançar essa relação bilateral está marcado para o final de julho com uma reunião de alto nível entre representantes dos dois governos .
Para o embaixador brasileiro na Rússia, Carlos Antonio Paranhos, a partir desse encontro, novas parceiras poderão prosperar como o interesse da Rússia em participar do PAC ( Plano de Aceleração Econômica), para fornecer tecnologia de produção de energia.
"Os russos têm muito interesse em fornecimento de turbinas para projetos de geração de hidroeletricidade. Mas nós também temos interesse em diversificar a pauta de exportações que ainda é muito baseada em commodities", diz o embaixador.
Conselho empresarial
Se a aproximação política deve acelerar muitos projetos em curso, os empresários russos e brasileiros também tomam iniciativas para incrementar os negócios.
Em fevereiro deste ano, foi criado o Conselho Empresarial Rússia-Brasil para dar novo impulso às relações bilaterais econômicas entre os dois países.
Sede da Embaixada do Brasil em Moscou que trabalha para o país diversificar sua presença no mercado russo e diversificar a pauta de exportações baseadas ainda nos produtos agrícolas.
Foto: Elcio Ramalho/RFI
"As trocas estão aumentando mas a cooperação sobre investimentos está num ritmo muito lento. Há poucos investimentos brasileiros na Rússia e praticamente nenhum investimento russo no Brasil. Acredito que uma das nossas tarefas é equilibrar nossas relações bilaterais comerciais com cooperação em investimentos”, diz Sergey Vasiliev, presidente da parte russa do Conselho.
Segundo ele, muitos projetos já estão em andamento e os bancos de desenvolvimento dos dois países devem contribuir para estimular as parcerias e a cooperação.
"O Banco de desenvolvimento da Rússia tem um acordo com o BNDES para financiar projetos de joint venture e de cooperação. Ainda não temos nenhum projeto, mas com a facilidade proposta por esse acordo, que já está estabelecido, poderemos financiar projetos em vários setores", afirma.
"Acho que um dos novos caminhos das transações comerciais é que deveremos aumentar substancialmente o comércio de óleo combustível e diesel e também começar a exportar trigo para o Brasil", diz.
Sergey Vasiliev garante que também há perspectivas para exportar máquinário e projetos para construir ônibus com tecnologia brasileira na Rússia.
"E no setor da carne há o desenvolvimento de uma planta de processamento de carne criada pela Sadia em São Petersburgo e outros projetos de instalação de outras fábricas no interior do país. Ou seja, um processamento feito em parceira entre brasileiros e russos o que é importante", afirma.
APEX
Um novo passo para estimular a relação entre os dois países foi a decisão da APEX, ( Associação Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) de abrir um escritório em Moscou.
A data de inauguração ainda não está definida mas o representante para dirigi-lo já foi nomeado: é Iuri Ribeiro. "Atualmente entre 80 e 90% das exportações do Brasil para a Rússia são da área agrícola. Queremos mudar esse cenário e ampliar para outros setores como por exemplo, produtos industriais. Precisamos encontrar novos nichos de mercado", garante Ribeiro.
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