Reportagem publicada em 17/07/2009 Última atualização 20/07/2009 14:42 TU
Militantes de partidos comunistas se reúnem todo final de semana no centro de Moscou.
Foto: Elcio Ramalho/RFI
O tom dos protestos é de lamento e saudade. O grupo é pequeno mas fiel à tradição de se reunir, faça sol, chuva ou neve, todos os sábados e domingos de manhã debaixo da estátua de Karl Marx, no centro de Moscou.
Eles carregam faixas e bandeiras soviéticas vermelhas com o tradicional símbolo da foice e do martelo. São cerca de 30 pessoas. É o limite imposto pelas leis na Rússia para concentração pública dos adeptos dos partidos comunistas.
A maioria é de velhos, mas jovens que viveram parte da infância sob o antigo regime também mantém vivo o discurso de que nos tempos da União Soviética, a vida era bem melhor. O grupo caminha em silêncio para a Praça Vermelha, como parte da luta para o governo não tirar do local o mausoléu de Lênin, o idéologo da revolução russa no início do século 20.
"A vida na antiga União Soviética era melhor. Tínhamos serviços de saúde e de ensino muito melhores e gratuitos", diz Alexandre Veselov, um dos líderes da manifestação.
Abismo social
Dezoito anos depois da implosão do bloco soviético, a Rússia tem poucos ouvidos para os que têm saudade dos ideais de solidaridade e igualdade social pregados pelo comunismo.
O país que chega à maioridade depois de transição nada fácil entre um regime totalmente protecionista, comandado pelo estado, para o sistema capitalista, de abertura de mercados. A partir dos anos 90, as mudanças foram profundas e junto com as reformas e as privatizações surgiram novas relações econômicas e uma camada de russos milionários.
Transformações também criaram uma abismo social e fizeram o país exibir índices de desigualdade não muito diferentes de outras potências emergentes como Brasil, China e Rússia.
Segundo estudos do Instituto de estudos sociais e econômicos da população, da Academia de Ciências da Rússia, a renda dos mais ricos do país é 20% maior do que os pobres. A redução da pobreza, que atinge 1 em cada 4 russos, é o maior desafio da economia do país.
Estudo caro
Dois estudantes universitários cantam no metrô de Moscou para ganharem um dinheiro extra.
Foto: Elcio Ramalho/RFI
Viver e estudar numa das cidades mais caras do mundo exige esforço da população jovem que ingressa no ensino superior.
A jovem Yekaterina Kopteva, 22 anos, está no último ano de psicologia na Universidade de Moscou. Ela fez uma exame mas não conseguiu entrar numa das 50 vagas do curso oferecidas com bolsa do governo.
"Dizem que quando você faz o vestibular, as vagas de graça do governo já estão ‘ocupadas’. Como acontece? Através de contatos. Quem tem conhecidos na universidade e dinheiro para pagá-los, já tem um lugar reservado", diz Yekaterina.
Se os estudantes do país têm dificuldades de ingressar e pagar pelos estudos, a Rússia recebe de braços abertos seus jovens que voltam ao país depois de uma valorizada experiência no exterior.
Depois de se formar em economia em Moscou, Olga Pilipenka, 22 anos, concluiu uma mestrado de 2 anos em Administração e Negócios, na Inglaterra. Dois meses depois de ter voltado a Moscou, ela estuda proposta de duas multinacionais na área de consultoria de empresas .
"Com uma educação na Inglaterra eu tenho 80%de chances de conseguir um trabalho, porque as empresas confiam mais em quem têm experiência internacional", diz a jovem economista.
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