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Cooperação Espacial

Escritório da Agência Espacial Russa no Brasil deve ser anunciado este ano

Reportagem publicada em 17/07/2009 Última atualização 28/07/2009  14:07 TU


A Roscosmos vai abrir seu segundo escritório internacional em Brasília, uma demonstração da importância da cooperação bilateral com o Brasil no setor espacial. 
Foto: Elcio Ramalho/RFI

A Roscosmos vai abrir seu segundo escritório internacional em Brasília, uma demonstração da importância da cooperação bilateral com o Brasil no setor espacial.
Foto: Elcio Ramalho/RFI

O Brasil vai ser o segundo país a ter um escritório permanente da Roscosmos, a agência espacial russa.

Os detalhes para a implantação de uma representação oficial estão em fase final e o anúncio de uma data de inauguração poderá ser feito ainda este ano, segundo Vladimir Putkov, o vice-diretor do departamento de relações internacionais da Roscosmos.

 "A abertura do escritório vai permitir ativar mais a nossa cooperação em todas as áreas e um contato mais direto com os dirigentes da  Agência Espacial Brasileira e do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial", diz o diretor. A Roscosmos só tem um escritório, em Pequim.

Os laços históricos entre Brasil e Rússia no setor espacial já completaram 20 anos, mas a parceria estratégica foi oficializada em 21 de novembro de 1997 com a assinatura de um acordo de cooperação a nível governamental no campo da cooperação e utilização do espaço cósmico.

Segundo Putkov, a primeira vez que a parceria foi efetivamente testada faconteceu após a tragédia com o Veículo Lançador de Satélite, o VLS 1. Em  agosto de 2003 o governo brasileiro recorreu às autoridades russas para investigar as causas do acidente que aconteceu na base de lançamento de Alcântara, no Maranhão.

"Os peritos russos entregaram às autoridades brasileiras as versões prováveis das causas do acidente e também recomendações para modernização do sistema VLS", lembra o diretor.

Segurança

O aumento e segurança do veículo lançador brasileiro é um dos principais objetivos fixados pelo acordo de cooperação de proteção mútua de tecnologias associadas à cooperação no uso do espaço exterior para fins pacíficos, nome oficial do acordo firmado entre os dois países.

O programa de cooperação depende ainda da aprovação, pelo congresso brasileiro, do acordo bilateral de salvaguardas tecnológicas que está sendo analisado desde 2006.

Para Vladimir Putkov, futuro da cooperação espacial entre Brasil e Rússia é "brilhante". Foto: Elcio Ramalho/RFI

Para Vladimir Putkov, futuro da cooperação espacial entre Brasil e Rússia é "brilhante".
Foto: Elcio Ramalho/RFI

"O acordo precisa ser ratificado pelo Congresso para que o Brasil tenha acesso aos últimos estágios, que são os de tecnologia mais sensíveis. Aí sim, estaríamos prontos e teríamos toda a tecnologia nesta área de veículos lançadores de satélites", afirma Luiz Fernando Machado, responsável pelo departamento de cooperação científica e tecnológica da Embaixada do Brasil na Rússia.

Entre os projetos que também devem avançar a partir da ratificação do acordo estão a modernização do estágio de lançamento de um foguete brasileiro com motor de combustível líquido. Há também a criação da infraestrutura terrestre para a base de Alcântara e a  elaboração de um satélite brasileiro de telecomunicações.

Concorrente do GPS

Em novembro de 2008, foi assinado novo acordo do programa de cooperação para utilização do programa de navegação por satélite Glonass, o concorrente do americano GPS.

Um grupo técnico já foi criado para a formação de especialistas brasileiros para atuar com o sistema que já funciona na Rússia e na Suécia. A partir do ano que vem ele será disponibilizado comercialmente para outros países

"Com o lançamento de outros satélites vamos finalizar o sistema no ano que vem e estará pronto para ser comercializado", prevê Putkov.

Segundo Luiz Fernando Machado, assim que o Congresso aprovar o acordo de salvaguardas, Brasil terá acesso total à tecnologia russa para o Veículo Lançador de Satélites. Foto: Elcio Ramalho/RFI

Segundo Luiz Fernando Machado, assim que o Congresso aprovar o acordo de salvaguardas, Brasil terá acesso total à tecnologia russa para o Veículo Lançador de Satélites.
Foto: Elcio Ramalho/RFI

"A ideia do Brasil é ter acesso a vários sistemas de navegação e não escolher entre um e outro", afirma o diplomata brasileiro Luiz Fernando Machado.

Recursos

O Brasil tem muito a ganhar com a parceria a experiência da Rússia mas os russos também vêem muitas vantagens em ter um parceiro como o Brasil.

Segundo o vice-presidente de relações internacionais da Roscosmos,Vladimir Putkov, um dos maiores interesses do país em se associar ao Brasil é atrair recursos para programas espaciais e também se beneficiar do kown- how brasileiro na área científica.

"O Brasil tem tudo para cooperar com a Rússia: recursos humanos e financeiros. É sabido que este setor precisa de muitos investimentos e o Brasil tem recursos. E nós vamos transferir tecnologia. O futuro da nossa cooperação é brilhante", afirma.    

ÁUDIO

Elcio Ramalho, enviado especial à Rússia

17/07/2009