Reportagem publicada em 14/01/2010 Última atualização 15/01/2010 16:00 TU
Além dos terromotos, tensões sociais e raciais, violências e crises políticas transformaram o Haiti na nação mais pobre do continente americano.
Foto: Reuters
Descoberto pelos espanhois e colonizado pelos franceses, o Haiti se tornou um país independente em 1804, após a primeira revolta vitoriosa de escravos da história. Antes da independência, 30 mil brancos controlavam os 500 mil escravos negros naquela ilha banhada pelo mar do Caribe.
As primeiras revoltas começaram já em 1790, logo após a Revolução Francesa, com uma rebelião liderada pelos mulatos, uma classe social que se beneficiava de direitos econômicos, mas era excluída das esferas políticas. Em 1791, a revolta se alastrou pela ilha, forçando, dois anos depois, a proclamação da abolição da escravatura. Mas essa abolição durou pouco tempo, pois Napoleão, nada contente com os rumos que tomavam a colônia, restabeleceu o uso de escravos. O país teve que esperar 1804 para uma abolição definitiva da escravatura, quando conquistou sua independência e se tornou a primeira república negra do mundo.
Mas apesar dessa liberação da mão colonizadora, o Haiti parece vítima de uma maldição há mais de dois séculos. Sua história foi marcada por uma sucessão de tragédias, intercaladas por breves períodos de calma. Como entre 1915 e 1934, quando a ilha foi dominada por fuzileiros norte-americanos, em uma ocupação dos Estados Unidos, ou ainda entre 1957 e 1986, durante o controle do ditador François Duvalier, o "Papa Doc", sucedido em 1971 por seu filho Jean-Claude Duvalier, que ficou no poder até 1986.
Economia
Após a revolução, a constituição estipulou que nenhum branco, de qualquer nacionalidade, poderia ser proprietário de terras no país. Os ex-escravos se recusaram a trabalhar nas plantações nas quais haviam sido prisioneiros, e o desmatamento tomou conta das florestas. Com isso, a ilha, que chegou a produzir três quartos do açúcar mundial, passou a se concentrar em uma agricultura de subsistência e não conseguiu alcançar uma independência econômica.
Além dos terromotos, como o dessa semana, mas também o de 1806, que destruiu um dos pálacios do governo local, tensões sociais e raciais, violências e crises políticas transformaram o Haiti na nação mais pobre do continente americano. Segundo o relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2008, o país, que antes era chamado de "pérola das Antilhas", apareceu na 148ª posição da lista dos mais pobres das Américas. Seus 9 milhões de habitantes têm uma expectativa de vida de pouco mais de 60 anos e mais da metade da população é analfabeta.
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