Reportagem publicada em 19/10/2009 Última atualização 19/10/2009 12:53 TU
Cena do filme "Palavra Encantada", de Helena Solberg, uma das atrações do Brazil Film Fest, em Toronto.
Foto: DR
Festival de Cinema Brasileiro no Canadá e uma bela e original exposição em Paris são os destaques do programa desta semana.
A Cinemateca Francesa apresenta, até o dia 28 de março, uma exposição original e extremamente interessante: "Lanternas Mágicas e Filme Pintado".
A Cinemateca Francesa tem a mais rica coleção do mundo de placas de vidro para lanterna mágica - são 18 mil imagens. O pessoal da Cinemateca convidou também a segunda maior coleção mundial, a do Museu Nacional de Cinema de Turim, que tem oito mil imagens, para essa mostra lúdica e divertida.
A lanterna mágica é um aparelho ótico que foi criado em 1659 na Holanda. O inventor da lanterna mágica é, provavelmente -porque não se sabe ao certo- o astrônomo holandês Christiaan Huygens.
Você já deve ter visto o princípio da lanterna mágica em ação - é como aquelas lanternas de quarto de criança, que enviam imagens coloridas nas paredes do quarto. A lanterna mágica, ou lanterna do medo, como ela também é conhecida, amplifica as imagens que são pintadas em placas de vidro, geralmente placas retangulares.
Dá para imaginar que é preciso uma grande habilidade para pintar essas imagens, já que elas vão ser projetadas em tamanho muito maior.
A exposição da Cinemateca Francesa começa com uma peça impressionante - o desenho original da primeira placa de vidro conhecida, pintada em meados do século 17 por Christiaan Huygens. Essa placa representa um esqueleto que se mexe, balança os braços e brinca com seu crânio - viu porque a lanterna mágica é conhecida também como lanterna do medo ?
A exposição é também sobre "filmes pintados". O pioneiro dessa técnica é um francês - Emile Reynaud, que inventou o chamado Teatro Ótico, no fim do século 19.
Esse aparelho permitia a projeção de longos filmes inteiramente desenhados e coloridos à mão ! Reynaud organizou um espetáculo que teve um sucesso enorme em Paris, no famoso Museu Grévin, e que ficou em cartaz oito anos - de 1892 a 1900.
O interesse por essa técnica se perdeu depois da invenção do Cinematógrafo, em 1895, o início do cinema tal qual a gente conhece até hoje.
Vocês devem saber que no início os filmes eram mudos e em preto e branco. Mas, como as pessoas que já haviam visto o Teatro Ótico ou até a Lanterna Mágica achavam muito triste ver imagens sem cor, os utilizadores do Cinematógrafo tiveram a idéia de contratar operárias que pintavam, sempre à mão, imagem por imagem os filmes em 35 milímetros. Um trabalho extremamente minucioso e demorado, demorado demais para ser rentável e que acabou por ser abandonado.
Para vocês não acharem que essa exposição da Cinemateca Francesa é apenas puramente histórica, saibam que tem artistas que até hoje se interessam pela técnica da lanterna mágica e do teatro ótico.
Nos anos 30, Len Lye ; nos anos 50, Norman McLaren e Stan Brakhage experimentaram a técnica. E o pintor basco contemporâneo José Antonio Sistiaga até hoje realiza filmes experimentais que são pintados à mão, imagem por imagem. Ele vai apresentar um de seus últimos trabalhos - "Impressões em Alta Atmosfera" - que tem dez mil fotogramas pintados com tinta, imagem por imagem, em uma película de 70 mílimetros - uma qualidade que é o dobro da que a gente está habituado a ver nos filmes de cinema, que têm 35 milímetros.
Também no programa desta semana, eu levo vocês a Toronto, que organiza, a partir do próximo dia 22 de outubro a terceira edição do Brazil Film Fest, o Festival de Cinema Brasileiro.
Vão ser quatro dias de filmes recentes para os canadenses anglófonos de Toronto. Depois disso, no mês de novembro, os canadenses francófonos de Montreal terão uma semana para curtir cinema brasileiro.
(Reportagem de Pamela Valente)
ÁUDIO
Organizadora do Brazil Film Fest, em Toronto
Veja também:
Site da Cinemateca Francesa
Site do Brazil Film Fest :
Cinema
01/01/2010 17:27 TU
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