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Cinema

Filmes malditos às vezes tem making of...

Reportagem publicada em 27/11/2009 Última atualização 27/11/2009  15:45 TU

Um dos testes feitos por Henri-Georges Clouzot, com Romy Schneider, para o filme "L'Enfer", nunca terminado.Foto: DR

Um dos testes feitos por Henri-Georges Clouzot, com Romy Schneider, para o filme "L'Enfer", nunca terminado.
Foto: DR

Vocês talvez não saibam, mas alguns filmes são malditos... Filmes que tem tudo para dar certo - um bom diretor, atores comprometidos com o projeto, produtores que financiam o filme - mas, apesar de tudo, não acontecem.

Um exemplo recente é "The Man Who Killed Don Quixote", "O homem que matou don Quixote", um filme que o excelente diretor Terry Gilliam tentou fazer nove anos atrás, com um casting fenomenal - Jean Rochefort e Johnny Depp nos papéis principais.

Mas as catástrofes se acumularam : o set de filmagem foi inundado, os caríssimos cenários destruídos por uma tempestade, Jean Rochefort teve uma hérnia discal que o impedia de montar a cavalo. Aviões militares voavam a baixa altitude e atrapalhavam cenas importantes com um barulho ensurdecedor.

Resultado - as filmagens tiveram que ser interrompidas e Terry Gilliam foi obrigado a deixar os direitos do filme com a companhia de seguros.

Esse fiasco, cúmulo do azar acumulado, foi retratado no documentário "Lost in la Mancha", "Perdido em La Mancha", primeiro making of de um filme que nunca existiu... Um documentário cult, que dá uma vontade imensa de ver o filme de Terry Gilliam pronto.

A boa notícia é que Terry Gilliam, que acaba de lançar "O Mundo Imaginário do dr Parnassus", comprou de volta os direitos do filme sobre don Quixote e pretende relançar as filmagens já no ano que vem. 

Mas há, infelizmente, muitos outros filmes malditos na História do Cinema. Para os franceses, um dos malditos mais conhecidos é "O Inferno", de Henri-Georges Clouzot, que o diretor francês começou a rodar em 1964 - e nunca terminou.

Todo cinéfilo interessado em cinema francês já tinha ouvido falar dessa história - produtores norte-americanos deram carta branca a Clouzot, um cineasta que sempre foi meticuloso e aproveitou a bonança financeira para fazer durante meses testes de luz e maquiagem com seus atores principais - uma Romy Schneider belíssima e um Serge Reggiani mais intenso e torturado do que nunca.

Depois desses meses de testes, as filmagens começaram mas Clouzot não controlava mais seus demônios, e seu ator principal acabou deixando o filme por não aguentar mais os maus tratos do diretor.

Pior de tudo: Clouzot sofreu um ataque cardíaco e as filmagens foram irremediavelmente interrompidas.

Até que Serge Bromberg, um francês especializado na recuperação de velhos filmes, teve a oportunidade de retrabalhar as imagens originais - quase 13 horas de testes e filmagens. O resultado, é logico, virou um filme - "O Inferno de Clouzot", um outro making of de um filme que nunca existiu e que tem, como ponto mais interessante, o fato de mostrar as imagens originais rodadas por Clouzot.

Para falar um pouco sobre o filme e sobre Clouzot, eu conversei com o crítico e editor do site "Cinema em Cena" Pablo Villaça.

ÁUDIO

Cinema, por Pamela Valente

27/11/2009

 

Veja também:

O site Cinema em Cena