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Cinema/Cannes

Imprensa aplaude novo longa de Almodóvar

Por Monique Matni, enviada especial da RFI a Cannes.

Reportagem publicada em 19/05/2009 Última atualização 20/05/2009 12:23 TU

Cartaz do filme "Abrazos Rotos", do diretor espanhol Pedro Almodóvar, estrelado por Penélope Cruz.Foto: Divulgação

Cartaz do filme "Abrazos Rotos", do diretor espanhol Pedro Almodóvar, estrelado por Penélope Cruz.
Foto: Divulgação

O universo do espanhol Pedro Almodóvar volta a encantar Cannes. "Abrazos Rotos" foi exibido nesta terça-feira, em sessão especial para a imprensa e foi bastante aplaudido.

Mais uma vez, Almodóvar escolheu os bastidores do cinema como pano de fundo para a trama de suspense e amor de seu novo filme. Mateo Blanco, interpretado pelo ótimo Luis Homar, é um roteirista que ficou cego há quatorze anos, depois de um acidente de carro no qual morreu o amor de sua vida, Lena, a surpreendente e camaleoa Penélope Cruz.

"Abrazos Rotos" gira em torno do passado de Mateo. Drama e suspense marcam o filme, que já estreou na Espanha e sai nos cinemas franceses nesta quarta-feira.

Pedro Almodóvar multiplica em "Abrazos Rotos" suas declarações de amor ao cinema. Em entrevista coletiva, o espanhol explicou que revisita mais uma vez obras de cineastas clássicos como Alfred Hitchcock ou Roberto Rossellini. O diretor também faz citação de sua própria filmografia. Em "Abrazos Rotos", o roteirista, que antes de ficar cego era diretor, está filmando "Chicas y Maletas", uma versão de "Mulheres à beira de um ataque de nervos".

Almodóvar já foi premiado no Festival de Cannes, mas nunca ganhou a Palma de Ouro. "Tudo Sobre Minha Mãe" levou o prêmio de melhor diretor e do júri ecumênico. "Volver" ganhou prêmio de melhor roteiro.

O júri ecumênico foi criado por organizações protestantes e católicas, sendo formado por cineastas das duas religiões, de diversas culturas. Além de Cannes, o júri ecumênico participa de diversos festivais como os de Berlim, Locarno e Montréal.

Mussolini inspira "Vincere"

Outro destaque nesta terça-feira ensolarada aqui em Cannes fica para o controvertido diretor italiano Marco Bellocchio, que exibe "Vincere". O filme aborda um período desconhecido da vida do líder fascista italiano, Benito Mussolini.

"Vincere" conta a história verídica de Ida Dalser, que teve um filho com o Duce, que nunca foi reconhecido. Ida, interpretada pela bela Giovanna Mezzogiorno, conheceu Benito Mussolini no início do século 20, quando ele ainda era do partido socialista. Por amor, ela vende todos os seus bens, oferecendo a Mussolini a possibilidade de fundar o jornal "Il Popolo d'Italia", vitrine para as suas futuras ideias fascistas.

Em entrevista coletiva, Marco Bellochio disse que o que o interessou nessa história verídica foi a obstinação e a convicção de Ida Dalser, mulher que nunca deixou de lutar para divulgar a história abafada por Mussolini. Ida e seu filho tiveram destinos trágicos: perseguidos a vida toda, acabaram sendo separados e morreram em manicômios.

Para contar a história, Bellochio utilizou imagens de arquivo, o que dá ao filme um ar grave. O cineasta explicou que preferiu apenas as imagens reais de Mussolini no período em que ele estava no poder, não usando nenhum ator. O jovem Benito Mussolini foi interpretado por Filippo Timi, que também representa, no final do longa, o filho adulto do líder italiano.

O diretor Marco Bellocchio já ganhou prêmio do juri ecumênico em Cannes com "A Hora da Religião", obra voltada contra a instituição da Igreja, questionando seu funcionamento e a deturpação de valores por muitos de seus membros.