Reportagem publicada em 27/12/2007 Última atualização 31/12/2007 15:18 TU
A ex-primeira-ministra paquistanesa, Benazir Bhutto, foi enterrada hoje no mausoléu de sua família em Lankarna, no sul do Paquistão.
O caixão com o corpo da ex-premiê levou quase duas horas para percorrer cerca de 5km, antes de chegar ao imponente mausoléu de sua família, cercado de partidários, do marido, Asif Zardari, e de seus três filhos.
A multidão acompanhou o cortejo levando bandeiras com as cores verde, preta e vermelha, do Partido do Povo Paquistanês, de Benazir Bhutto.
Primeira mulher do mundo a governar um país mulçumano, a ex-premiê foi alvo de um atentado terrorista na periferia da capital Islamabad, nesta quinta-feira, durante um comício. Ela levou tiros a queima roupa de um homem que, em seguida, detonou os explosivos que levava no corpo.
O atentando desencadeou uma onda de violência no país. Bloqueando ruas, manifestantes incendiavam carros e gritavam palavras de ordem contra o governo do presidente Pervez Musharraf.
Segundo as autoridades, pelo menos trinta e duas pessoas morreram desde ontem. O governo decretou estado de alerta máximo e as forças armadas têm ordem para atirar para controlar as manifestações.
Os partidos de oposição no Paquistão estão pedindo o boicote das eleições legislativas de 8 de janeiro e querem a demissão do presidente Musharraf, que decretou três dias de luto.
O ex-primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, convocou para hoje uma greve geral em protesto ao assassinato. Ele declarou que o Paquistão está cavando sua própria destruição se as eleições não forem adiadas.
Benazir Bhutto é filha do primeiro presidente do Paquistão, Zulfiklar Ali Bhutto, que foi destituído em 1977 e executado dois anos depois. Benazir, que fez seus estudos na Universidade de Oxford, na Inglaterra, foi presa e viveu exilada até 1986. De volta ao país, ela assumiu a direção do partido socialista e, em 1988, se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro em um país muçulmano.
Sua morte provocou reações do mundo inteiro. O presidente francês Nicolas Sarkozy condenou o “ato odioso” e, em carta enviada ao presidente Musharraf, argumentou que as eleições legislativas de 8 de janeiro são mais que nunca indispensáveis.
O presidente americano George W. Bush, um aliado de Musharraf, acusou os terroristas de estarem “minando a democracia paquistanesa”. Condenações ao atentado vieram também do governo da China, do presidente russo Vladimir Putin, dos governos da India, do Afeganistão, do Iraque, do Egito, da Grã-Bretanha, da Alemanha, da Itália, do Brasil, da União Européia, do Conselho de Segurança das Nações Unidas e da Organização da Conferência Islâmica.
A morte de Benazir Bhutto também afetou o mercado de petróleo. Em Nova Iorque, a cotação do barril voltou a subir, atingindo o patamar de 96 dólares e 62 centavos. O Paquistão não produz petróleo mas seu litoral no mar de Oman, onde trafega o petróleo do Irã, é motivo de preocupação.
Diversos países estão desaconselhando viagens ao Paquistão.
Para o jornalista Carlos Lagoeiro, que esteve recentemente no Paquistão, o país vive dividido entre um modelo moderno ocidental e um modelo mais antigo, ligado à questão religiosa.
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"Agora eu não sei como fica a posição dos Estados Unidos no país, porque eles estavam apoiando muito, exatamente, a volta de Benazir Bhutto ao poder, numa dobradinha com o atual presidente Pervez Musharraf."
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