Reportagem publicada em 06/05/2008 Última atualização 12/05/2008 11:41 TU
A foto da atriz Leila Diniz, grávida e de biquíni, foi um escândalo para uma sociedade brasileira que, em 68, oprimia as mulheres.
Foto: facom.ufba.br
Uma sociedade mais aberta, em constante evolução. Para a maioria dos franceses, esta foi uma das grandes heranças de maio de 68.
As mulheres aproveitaram esse momento histórico para se emancipar. Mesmo se a pílula anticoncepcional ainda não estava autorizada no país, as jovens francesas já tinham adotado uma certa liberdade sexual e usavam minissaia. O movimento feminista ganhava força e 1968 marcou uma guinada nos rígidos costumes da sociedade francesa da época.
No Brasil, a atriz Leila Diniz era o ícone de liberdade e ousadia, tendo aparecido nua, dois anos antes, no filme Todas as Mulheres do Mundo, do seu marido e diretor Domingos de Oliveira.
O sociólogo Michel Bozon, diretor de pesquisa no Instituto Nacional de Estudos Demográficos, lembra que naquele ano os jovens já tinham atitudes mais avançadas do que as do seus pais e avós, mas não acha que o movimento estudantil foi o responsável por uma ruptura de comportamento.
Para a vereadora carioca Aspásia Camargo, que fazia seu mestrado em Paris no momento da revolta estudantil, a data foi fundamental em sua vida: Hoje eu sou vereadora porque vivi o movimento de maio de 68 em Paris, um movimento que quebrou o centralismo, que criticou o excesso de autoritarismo, de burocracia, que acreditava numa sociedade nova, pós-industrial, diz Aspásia Camargo.
A atriz portuguesa Maria de Medeiros, filha da geração de 68, reivindica o espírito anarquista da época e critica a sociedade francesa atual: A França é muito antiga, no fundo, a França é um país que reflete toda a história da velha Europa... Para Maria de Medeiros, a esquerda de 68 era machista e não mudou muito. A atriz cita como exemplo da misoginia da esquerda atual a eleição presidencial de 2007, quando muitos homens preferiram sacrificar suas convicções e votar em um candidato da direita, do que votar em uma mulher.Uma demonstração de que as sementes de maio de 68 ainda não floresceram completamente para as mulheres.
(Reportagem realizada por Adriana Moysés)
ÁUDIO
Atriz e cantora
“Nas reuniões de esquerda, dos chefes dos diversos movimentos de 68, os homens faziam os discursos e as mulheres faziam o café. O movimento de emancipação da mulher já nasceu de uma certa crítica ao maio de 68, aos aspectos conservadores que, finalmente, se mantinham.”
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