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Milhares de famílias brasileiras perderam suas casas na região de Boston, vítimas dos subprimes

Reportagem publicada em 29/10/2008 Última atualização 30/10/2008 12:39 TU

Fausto Rocha, diretor do Centro de Imigrantes Brasileiros em Boston, diz que muitos foram seduzidos por empréstimos fáceis.
Foto: Maria Emília Alencar/RFI

O sonho do american way of life se chama agora pesadelo da hipoteca imobiliária nos Estados Unidos. É esse o país que o proximo presidente eleito no dia 4 de novembro vai encontrar. No total, 2,2 milhões de empréstimos subprimes resultaram na execução de hipotecas desde o início da crise imobiliária em 2006, com prejuízos de 164 bilhões de dólares. Isso causou milhões de despejos e o fim de um modelo de vida baseado no crédito fácil.

No estado de Massachusetts, os imigrantes brasileiros estão entre os mais afetados pelos despejos em massa. Instalada no Estado a partir dos anos 80, a comunidade brasileira, de 200 mil pessoas, criou raízes nas cidades dos arredores de Boston. Muitos deles foram seduzidos pelas propostas de empréstimos imobiliários fáceis. No ano passado, três em cada 10 casas vendidas para imigrantes foram compradas por brasileiros.

Segundo o diretor do Centro do Imigrante Brasileiro em Boston, Fausto da Rocha, entre 5 e 10 mil famílias brasileiras perderam suas casas nos últimos 5 anos. Ele próprio é uma das vítimas do subprimes, os créditos imobiliários de alto risco nos Estados Unidos. “Muitos imigrantes, com a esperança de ganhar dinheiro com a valorização do imóvel, compraram casas sem saber o que estavam assinando e entraram na bola de neve do mercado imobiliário. Eles adquiriram imóveis superinflacionados e com juros altos e flexíveis”, diz Rocha.

Demétrio Francisco, contador na região de Boston, diz que brasileiros de baixa renda compraram casas de US$ 500 mil.
Foto: Maria Emília Alencar/RFI

Para Demétrio Francisco, dono de uma empresa de contabilidade na região, a crise era uma catástrofe anunciada.“ Vimos casos de pessoas com baixa renda, que ganhavam US$ 400 ou US$ 500 por semana, comprarem casas de 500 mil dólares”, diz ele.

 Sabe-se hoje que muitas instituições financeiras exploraram minorias com o intuito de enriquecer. Em 2006 por exemplo, 53% dos empréstimos subprimes de alto risco foram contraídos por negros contra apenas 17% por brancos americanos.

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