Reportagem publicada em 22/11/2008 Última atualização 22/11/2008 19:53 TU
A tragédia provocada por Katrina foi uma espécie de holofote em cima de uma América pobre e negligenciada pelo poder. Por isso mesmo Nova Orleans é um marco no processo de rejeição ao governo Bush, que culminou na vitória do Democrata Obama.
Foto: Maria Emilia Alencar
Nova Orleans é simplesmente imperdível, já dizia a voz lânguida de Louis Armstrong. Mas certamente, se ele ainda estivesse vivo, seu blues seria ainda mais nostálgico...
Nova Orleans não é mais a mesma depois da passagem do furacão Katrina, em 29 de agosto de 2005. Três anos depois, em uma visita rápida pelo bairro turístico French Quarter, não se vê vestígios da tragédia. Mas a cidade, conhecida por ser o berço do jazz, perdeu sua alma com a partida forçada de grande parte da população negra.
Antes de Katrina, Nova Orleans era a terceira cidade negra dos Estados Unidos, com 68% da população constituída por afro-americanos. Pelo menos um terço dessa população negra e pobre deixou a cidade depois da passagem do furacão e não regressou. Centenas de casas continuam desocupadas nos bairros mais atingidos pelas inundações, como 9th Ward, Chalmette ou Gentilly.
Nova Orleans já foi uma das cidades com maior população negra nos EUA. Mas muitos afro-americanos não voltaram depois da passagem de Katrina.
Foto: Maria Emilia Alencar
Katrina deixou efeitos devastadores em Nova Orleans : nas seis semanas seguintes a sua passagem, 80% da cidade permaneceu inundada, mil e oitocentas pessoas morreram e os prejuízos foram de cerca de 75 bilhões de dólares. Além disso, os prejuízos indiretos foram calculados em cerca de 250 bilhões de dólares, com a saída de empresas, perda de empregos e queda do turismo. Os erros cometidos nas operações de salvamento já foram exaustivamente apontados pela imprensa e a memória do furacão vai ficar para sempre na cidade.
Alguns tentam hoje ganhar dinheiro com o desastre, como os bares que vendem, na famosa e turística Bourbon Street, o drinque Hurricane, uma mistura de rum com suco de cereja, que custa quase dez dólares. Algumas agências turísticas propõem também uma espécie de "Katrina Tour", um passeio pelas áreas mais destruídas pelo furacão, onde pode-se ainda ver em algumas casas a letra X pichada pela Agência Federal de Adminstração de Emergência, a Fema, nas semanas que sucederam o furacão, para indicar alguma vítima encontrada no local.
Katrina mudou também o perfil de Nova Orleans porque trouxe para a cidade uma nova população de imigrantes brasileiros em busca de trabalho nas obras de reconstrução. Cerca de sete mil brasileiros vivem hoje na cidade.
Mistura de influências francesa, espanhola, africana, Nova Orleans mudou depois de Katrina, mas continua sendo uma cidade única nos Estados Unidos, marcada principalmente por sua música.
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Reportagem de Maria Emilia Alencar
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