Reportagem publicada em 05/06/2009 Última atualização 10/09/2009 15:52 TU
Após a confirmação pelas autoridades brasileiras de que o óleo e os destroços recolhidos no oceano na quinta-feira não são do Airbus A-330 da Air France, o secretário de Estado dos Transportes da França, Dominique Bussereau, reiterou o apelo à prudência em relação aos dados das investigações e afirmou que a prioridade é localizar as caixas-pretas do avião. Bussereau disse que o fato de os destroços não terem sido localizados "é uma má notícia" e afirmou que em hipótese alguma há recriminações contra os brasileiros, que estão dando uma grande ajuda, e que ele chamou de "irmãos" nesse momento de dor.
Nesta sexta-feira, a Agência de Investigação e Análise para a Proteção da Aviação Civil (BEA), que tem a responsabilidade de esclarecer as causas do acidente, afirmou que as mensagens automáticas enviadas pelo voo 447 indicam "incoerência nas diferentes velocidades medidas". As investigações também apontam que na rota prevista para o avião foram registrados fenômenos meteorológicos característicos de regiões equatoriais. O órgão francês anunciou que vai conceder uma entrevista coletiva à imprensa na manhã deste sábado, em Paris, para fazer um balanço sobre o andamento das investigações.
Prudência nas declarações das autoridades francesas
Antes que o Brasil confirmasse que o suporte para acomodação de bagagens e as duas boias resgatas em alto mar não pertenciam ao avião da Air France, que decolou do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo, o diretor do órgao francês de investigação, Paul-Louis Arslanian, declarou na quinta-feira que não havia certeza de que os destroços seriam realmente do Airbus. Arslanian disse que coincidências são possíveis e que as autoridades francesas esperam primeiro ver as imagens dos destroços para depois analisar os elementos do acidente.
Segundo Arslanian, que pediu prudência à imprensa para tratar do acidente, "qualquer pista sobre o desaparecimento do avião é prematura". O diretor do BEA fez essas declarações após o jornal Le Monde ter publicado, na quinta-feira, que o Airbus não estaria voando na velocidade correta e que uma sucessão de eventos catastróficos teria feito o avião se desintegrar em pleno voo.
Zona equatorial não é a mais perigosa, diz especialista
Em entrevista à Radio França Internacional, o historiador especialista em acidentes aéreos Ronan Hubert disse que uma explosão em grande altitude, ocorrida por qualquer que seja a razão, deixa traços de querosene e que é muito difícil que tudo se queime a ponto de não haver vestígios. Essa análise vai de encontro a declarações feitas pelo ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim.
Hubert afirmou que outros acidentes já ocorreram no oceano Atlântico, mas que isso não indica o nível de periculosidade da área, uma vez que cada acidente tem suas causas. Contrariando a tese alarmante que aponta a zona do acidente como a mais perigosa do mundo, o historiador disse que essa região não é mais complicada do que outras no globo, pois todos os dias passam aviões por lá. Para ele, é preciso que todas as condições meteorológicas sejam consideradas para evitar que o fator climático contribua para a ocorrência de acidentes.
Entre as possíveis causas da queda do Airbus levantadas por especialistas, Hubert afirmou que o congelamento dos sensores externos do avião realmente atinge o sistema central do aparelho, pois afeta a boa transmissão de informações técnicas aos pilotos. Segundo o historiador, esse problema já foi causa de acidentes no passado.
Hubert concordou com a possibilidade de o aparelho estar a uma velocidade mais alta do que o recomendado, como revelou nesta quinta-feira o jornal Le Monde. Para ele, um erro como esse pode ser cometido mesmo por uma tripulação experiente como a do vôo AF 447. Ele afirmou que 70% dos acidentes aéreos são ocasionados por falha humana, mas ressaltou que ainda é cedo e que é preciso analisar os destroços do avião e o conteúdo das caixas-pretas, se elas forem encontradas.
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