Air France/AF447

Air France troca sensores de velocidade

Reportagem publicada em 09/06/2009 Última atualização 10/06/2009  10:10 TU

Peça do Airbus resgatada em alto-mar é considerada fundamental para as investigações sobre as causas do acidente.
Foto: FAB

O principal sindicato dos pilotos de linha da França, o SNPL, informou na tarde desta terça-feira que a Air France já trocou pelo menos dois dos três sensores de velocidade, os chamados tubos de Pitot, de seus Airbus A330 e A340. A peça está no centro das discussões sobre as causas do acidente com o voo 447 da companhia, que caiu sobre o Atlântico com 228 pessoas a bordo. Segundo o sindicato de pilotos SNPL, até o final de junho todos os modelos A330 e A340 da Air France estarão equipados exclusivamente com sensores de nova geração. Ontem, o sindicato Alter, minoritário na categoria, havia pedido aos pilotos da empresa para deixar de voar em aviões Airbus cujos sensores de velocidade ainda não tivessem sido trocados.  

Inúmeros questionamentos foram levantados sobre a possibilidade dos chamados tubos de Pitot, sensores que medem a pressão do ar e permitem calcular a velocidade do avião, terem congelado e provocado problemas sucessivos em sistemas do aparelho que utilizam esses cálculos de velocidade, como o piloto automático. O órgao francês que investiga as causas do acidente já havia afirmado na semana passada ter detectado "velocidades incoerentes" no Airbus A330 que decolou do Rio de Janeiro. A Air France havia anunciado, em um comunicado no sábado, que iria acelerar o processo de troca dos sensores do A330 diante dos questionamentos que surgiram apontando falhas nesse equipamento, sem, no entanto, pressupor uma relação com as causas do acidente no voo 447. 

Troca de sensores começou em 2007

Defeitos verificados nos sensores Pitot do A320 levaram a Airbus a recomendar, em setembro de 2007, a troca das sondas nesse modelo de avião. Na época, essa troca não foi associada aos Airbus A330 e A340 porque não tinham sido constatados incidentes envolvendo esses aparelhos. Nesses modelos, a primeira vez em que a Air France notou um problema de medição de velocidade foi em maio de 2008. Segundo a Air France, os incidentes decorriam do fluxo de gelo nos sensores e a companhia discutiu com a Airbus uma solução para minimizá-los.

No primeiro trimestre de 2009, testes indicaram que a troca dos sensores por sondas de nova geração poderia resolver o problema. A companhia francesa lançou um programa oficial de troca em 27 de abril de 2009. A Air France afirma ter 28 aviões A330 e A340 em sua frota. Existem 600 Airbus A330 em operação e o fabricante ainda tem 400 encomendas do modelo.

Pilotos estão divididos sobre as causas do acidente

O porta-voz do principal sindicato dos pilotos da Air France (SNPL), Erick Derivry, declarou que até o momento não é possível estabelecer uma ligação direta entre o acidente do voo AF447 e o defeito nas sondas de medição de velocidade do Airbus. Esta é uma das hipóteses consideradas nas investigações.

Já o sindicato de pilotos Alter, minoritário na companhia francesa com 10% dos comandantes associados, pede que os pilotos da empresa se recusem a voar em aviões A330 e A340 que não tenham trocado ao menos dois dos três sensores Pitot. O Alter lamentou que a Air France não tenha imobilizado sua frota de Airbus A330 e A340 antes da troca dos sensores defeituosos. Em entrevista à Rádio França Internacional, Cristhophe Pesanti, representante do Alter e comandante de bordo do A330, disse que a medida é preventiva e tem o objetivo de garantir a segurança da tripulação e dos passageiros da Air France. Segundo ele, a enorme dúvida até o momento sobre a responsabilidade dos sensores no acidente com o voo 447 justifica a decisão.

Resgate dos corpos

Até a noite de segunda-feira, 8 de junho, 24 corpos de passageiros do voo 447 da Air France foram resgatados por navios brasileiros e franceses, segundo o tenente-coronel Henry Munhoz, assessor de comunicação da Aeronáutica.

LEIA TAMBÉM

Sindicato de pilotos da Air France exige troca de sensores para continuar a voar

Buscas se intensificam na região do acidente