Reportagem publicada em 12/06/2009 Última atualização 15/06/2009 16:27 TU
Os pilotos questionam se o andamento das investigações não está sendo feito para descartar a responsabilidade da Air France.
Foto: AF
Onze dias após o acidente do voo 447 da Air France, que causou a morte de 228 pessoas, pilotos do mundo inteiro estão indignados com o rumo das investigações. Eles criticam a falta de informações oficiais e questionam a idoneidade do processo. "Será que o governo francês vai colocar a culpa da falha numa empresa do seu país? Sempre tem muito jogo de interesse", comenta um piloto da TAM, que pediu para não ser identificado. Ele conta que, nos bastidores, a tripulação evita tocar no assunto, mas o clima é de indignação. Segundo a fonte, o processo investigatório deve concluir que a culpa foi humana e não técnica. "Os pilotos são as últimas barreiras de defesa do sistema. É sempre ali que ‘as bombas’ estouram. A sensação, ao que tudo indica, é que este acidente também será classificado como ‘erro do piloto’, principalmente por ele ter morrido. A sociedade se contenta bem com isso", desabafa. De acordo com o piloto, a primeira explicação divulgada na mídia, de que o acidente havia sido causado por um fenômeno meteorológico, foi apenas uma maneira da Airbus e da Air France ganharem tempo até encontrarem uma outra desculpa. “Para quem é da área e ouve a imprensa falando sem parar em tempestade, com certeza fica a dúvida.”
No blog dos pilotos franceses, observa-se o mesmo sentimento de frustração. Um dos posts é enfático: “Não é um segredo para ninguém a desconfiança que temos em relação às comunicações lançadas pelo BEA (Agência francesa responsável pelas investigações do acidente). Tudo o que o BEA diz, nós verificamos. Tudo o que o BEA escreve, nós verificamos duas vezes”. O desabafo dos pilotos é sentido em cada linha, ora se referindo à maneira como a mídia aborda o acidente, ora ironizando as declarações dos investigadores. “De tanto ler e escutar o BEA, percebemos o quanto as informações transmitidas são previsíveis. Elas se dirigem à mídia em geral, que tem a tendência de absorvê-las sem maiores questionamentos. Mas não venham com essa ‘visão oficial’ pra cima da gente”, conclui o piloto.
Flávia Pollo, especial para RFI
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