Reportagem publicada em 16/07/2009 Última atualização 20/07/2009 14:48 TU
Entre os principais países emergentes, a Rússia é o que enfrenta mais dificuldades para enfrentar a crise econômica.
Foto: Elcio Ramalho/RFI
A economia russa deve sofrer uma recessão superior a 8% em 2009, segundo relatório publicado pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) no dia 15 de julho. E para se recuperar da catástrofe econômica, o país vai precisar muito mais do que um aumento dos preços de gás e petróleo, duas de suas principais riquezas.
Entre os países emergentes, a Rússia é o que mais enfrenta dificuldades para enfrentar a crise mundial. Exportando menos por causa da redução do volume de pedidos de matérias primas e de setores como a indústria automobilística, por exemplo, a Rússia sofre as consequências de uma estrutura econômica sustentada em poucos produtos.
"Apesar de todos os discursos e das promessas políticas para diversificar a economia russa, sempre alertamos que praticamente boa parte dos recursos para o orçamento do país só vem de matérias primas como petróleo, gás natural, pedras e metais preciosos, um pouco de fertilizantes, mas todos são recursos naturais", explica Vladimir Kvint, o economista da Moscou School of Economics, da Academia de Ciências da Rússia.
"Quando países desenvolvidos da União Europeia e os Estados Unidos começaram a enfrentar uma recessão, eles diminuíram seus pedidos por essas matéria primas, o que deixou a Rússia em uma situação muito complicada", completou.
O desemprego na Rússia está em alta e já atinge 8,5% da população economicamente ativa.
Foto: Elcio Ramalho/RFI
Segundo Kvint, enquanto economias da União Europeia, Estados Unidos e até do Brasil devem retomar o crescimento a partir do início de 2010, a atividade econômica na Rússia só deverá se recuperar a partir do final do ano que vem.
Desemprego em alta
Além da redução de pedidos de matérias primas, o consumo doméstico também caiu na Rússia e o desemprego cresceu atingindo no início do ano mais de 6 milhões e meio de trabalhadores, ou seja 8,5% da população economicamente ativa.
Somado a esse cenário, a inflação continuou a subir no país. E o acumulado dos primeiros meses cinco meses do ano já atinge 7,1% de inflação, segundo dados publicados pela agência oficial russa de estatística, a Rosstat.
Se as previsões se confirmarem a Rússia deve registrar em 2009, uma inflação por volta de 13%. No ano passado, a inflação também foi de 2 dígitos, 13,3%.
O economista Vladimir Kvint acredita que a economia russa só deve retomar o crescimento no final de 2010.
Foto: Elcio Ramalho/RFI
"Normalmente em período de recessão, não há muita inflação, e a Rússia é o único país do grupo Bric (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China) que ainda tem uma inflação de 2 dígitos”, comenta Kvint, autor do livro The Global Emerging Market, dedicado aos países emergentes.
“O rublo neste momento de crise está resistindo porque a Rússia tem a terceira maior reserva de moedas do mundo, apenas atrás da China e do Japão. Mas se a Rússia não mudar, não aumentar, seus investimentos em ciência e tecnologia, essa reserva monetária não será suficiente para os próximos 3 anos”, alerta o professor da Moscow School of Economics da Academia de Ciência da Rússia, que defende investimentos públicos em indústrias inovadoras para o país avançar.
Projeto estratégico
O governo russo desenvolveu um projeto estratégico a médio prazo e escolheu a data simbólica de 2020 para estabelecer novos objetivos para a economia do país. Mas para o economista Vladimir Kvint, as perspectivas de um "novo impulso" ao país podem não passar de boas intenções.
"A Rússia desenvolveu o conceito do 20/20, um conjunto de orientações para o ano 2020. Mas, quando você analisa esse conceito, não há um capítulo que especifica a questão dos recursos, então pode não passar de um grande desejo. Uma verdadeira estratégia deve se basear em apenas uma visão, em uma clara análise quantitativa, colocada em uma escala de tempo. Não é o caso da Rússia", conclui o economista.
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