Reportagem publicada em 02/12/2009 Última atualização 02/12/2009 17:17 TU
Mulheres em um dos acampamentos de Uagadugu montados pelo governo para receber as vítimas das inundações do dia 1º de setembro.
Eles conhecem pouco sobre as difíceis negociações climáticas que vêm sendo realizadas para a Conferência do Clima de Copenhague, mas, em Uagadugu, Sakané Salifi e Saoubé Ouakoba já são consideradas as mais recetentes vítimas diretas das mudanças climáticas.
Como os dois burkinabês, outras 150 mil pessoas perderam suas casas após a inundação do dia 1º de setembro, a pior da história recente do Burkina Fasso.
Em menos de um dia, a capital Uagadugu registrou um índice pluviométrico que representa 1/3 do que chove durante o ano inteiro. Resultado : bairros inteiros foram desvastados, casas destruídas, árvores arrancadas. Uma verdadeira catástrofe, que muitos, como Saoubé Ouakoba, dizem nunca terem visto antes.
"Eu tenho entre 60 e 70 anos e, desde que nasci, nunca vi uma chuva assim. Eu tinha me levantado cedo para fazer minha oração e, quando voltei para me deitar, senti que a minha cama estava mexendo. Aí eu percebi que a água chegava até o meu pescoço. Mas agradeço a Deus por não ter havido perda humana. Se tivesse havido mortes, seria muito mais triste", afirma.
Segundo o governo, 8 pessoas morreram vítimas das inundações. Associações e organizações não governamentais não tardaram em se mobilizar para ajudar a população e o governo improvisou quatro abrigos na capital para acolher os desabrigados. No maior acampamento, localizado atrás do estádio da cidade, foram instaladas 1360 famílias, ou seja quase 4.700 pessoas.
A logística inclui latrinas e chuveiros provisórios, com uma média de 1 chuveiro para cada 5 pessoas, mas somente uma refeição é distribuída por dia, segundo Kuana Bass, que está com a mulher e cinco filhos vivendo, há quase 3 meses, no acampamento.
“Tem muitas coisas difíceis aqui. Com todas essas crianças, a gente tem direito somente a uma refeição por dia, o almoço”, lamenta.
O governo do Burkina prometeu ajudar com material de construção e disse que vai ofercer o terreno necessário para a reconstrução das casas destruídas. Governos europeus e países com representação diplomática no Burkina Fasso também participaram.
A França repassou 1 milhão de euros para medidas de ajuda às vitimas, rehabilitação de equipamentos e trabalhos de infra-estrutura urbana.
O Brasil também participou, embora em menor proporção, explicou à RFI o embaixador do Brasil no Burkina, Santiago Alcazar. Segundo ele, o governo brasileiro participou com cerca de 50 mil dólares por meio do Programa Mundial da Alimentação.
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Enviada especial ao Burkina Fasso
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