Reportagem publicada em 07/12/2009 Última atualização 14/12/2009 13:56 TU
Os líderes mundiais vão tentar obter um acordo global para reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa e lutar contra o aquecimento do planeta, mas apesar da mobilização política quase sem precedentes, as propostas e posições reveladas até agora deixam dúvidas sobre a conclusão de um acordo ambicioso em Copenhague.
Na cerimônia de abertura na manhã desta segunda-feira, o primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Rasmussen, disse que a Conferência é uma oportunidade que o mundo não pode se dar ao direito de perder. Para Andrei Netto, especial para a RFI em Copenhague, "o discurso é uma forma de chamar a atenção para que a comunidade internacional realize um esforço concentrado e garanta que o aquecimento global não ultrapassará 2° nas próximas décadas."
Entre os pontos mais polêmicos que serão discutidos ao longo de 2 semanas, estão a definição das metas de redução de CO2, o montante e a natureza do financiamento de ações para lutar contra o aquecimento nos países em desenvolvimento e o próprio formato do acordo final.
Segundo o IPCC, o Painel da ONU sobre Mudanças Climáticas, a temperatura da Terra pode aumentar entre 1,8 e 4 graus até o final deste século, se nada for feito para reduzir as emissões de gases poluentes. A recomendação dos especialistas do IPCC é que, para limitar o aquecimento a 2 graus, seria necessário reduzir as emissões globais em 40% até 2020 e em 80% até 2050.
Os países emergentes, entre eles o Brasil, defendem que o esforço maior deve ser feito pelos países industrializados, que devem se comprometer com metas obrigatórias de redução. Mas os EUA, o maior poluidor do planeta, já indicaram que não pretendem aceitar um acordo que imponha aos países a obrigação de reduzir suas emissões. Para o embaixador extraordinário do Brasil para mudanças climáticas Sérgio Serra, "ainda é cedo para falar de otimismo. Falta definir financiamentos."
Divergências também em relação ao nível de redução. A União Europeia foi a primeira a anunciar, em dezembro de 2008, o objetivo de reduzir em 20% suas emissões até 2020, podendo chegar a 30% em função do compromisso assumido pelos outros países, principalmente os EUA.
O governo americano, por sua vez, acabou revelando, há cerca de duas semanas, a intenção de reduzir em 17% suas emissões de CO2 em 2020 e em 42% em 2030, mas a base de referência tomada pelos norte-americanos é o ano de 2005, e não 1990, estipulada pelo atual protocolo de Kyoto. Isso significa, na prática, reduções de apenas 4% e 22%.
Emergentes
O Brasil se comprometeu a reduzir entre 36% e 39% suas emissões até 2020. A China também anunciou que pretende diminuir a intensidade de suas emissões, com base em um índice que leva em conta o crescimento das emissões e o PIB do país.
Apesar disso, os esforços ainda são insuficientes, segundo as organizações ambientais. A rede Climate Action Network, calcula que os anúncios feitos até agora significam uma redução entre 10 e 18%, até 2020, muito menos do que os 40% recomendados para o período.
A primeira parte da Conferência de Copenhague começa nesta segunda-feira. A segunda parte, considerada mais política, tem início a partir do dia 14 de dezembro. Os chefes de governo e de Estado de pelo menos de 90 países devem estar presentes nos dois últimos dias.
Cerca de 30 mil pessoas se inscreveram para participar das reuniões, mas a organização da Conferência somente autorizou o acesso de 15 mil observadores, delegados, jornalistas e representantes de ONGs e associações para acompanhar as reuniões, sem falar em outros milhares que não terão acesso ao centro de convenções e que participarão de eventos paralelos. Para a conferência oficial, estão programadas 2 mil reuniões.
Uma Conferência OFF, paralela à oficial, também foi organizada por 30 ONGs no centro da capital. O programa inclui depoimentos sobre os efeitos das mudanças climáticas de quase mil pessoas originárias de países em desenvolvimento, inclusive índios brasileiros.
Por enquanto, as ruas de Copenhague ainda respiram a calma aparente que precede as tempestades, mas nos bastidores o ambiente é de efervescência. As autoridades reforçaram a segurança na capital temendo ataques terroristas ou ação de grupos radicais. Prisões preventivas e sanções mais duras em caso de desacato à autoridade ou distúrbios à ordem pública poderão ser empregadas.
ÁUDIO
O discurso de abertura é um forma de pedir à comunidade internacional que realize um esforço concentrado e garanta que o aquecimento global não ultrapasse 2° nas próximas décadas."
"Ainda é cedo para falar de otimismo. Os países têm apresentado números, mas ainda falta definir os financiamentos."
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