Reportagem publicada em 12/12/2009 Última atualização 16/12/2009 10:54 TU
Morador de Pajchiri teve de substituir a pesca, na alimentação da família, pelo plantio de batata, em estufa com "adubo" resultante da poluição do Lago Titicaca.
Foto: RFI
O aquecimento global ameaça o lago navegável mais alto do mundo, o Lago Titicaca, localizado a 3.800 metros de altura entre a Bolívia e o Peru. Nos últimos dez anos, o volume de água de uma zona conhecida como "lago menor" enfrenta um ressecamento impressionante. Cerca de 5 mil hectares de superfície de água desapareceram, assim como os peixes, a principal fonte de renda e de alimentação dos habitantes da região do planalto boliviano em torno do vilarejo de Pajchiri.
O fenômeno de ressecamento do Lago Titicaca se acentuou desde o início de novembro, com uma baixa de 80 centímetros do nível de água. Se esse processo continuar e o lago encolher mais 30 centímetros, ele vai atingir o nível que obriga as autoridades bolivianas a aplicar restrições ao consumo de água. Várias espécies de peixes desapareceram do lago, provocando êxodo dos habitantes da região.
Hernan Limachi Mendoza, de 29 anos, morador de Pajchiri, relata dificuldades para alimentar sua família, composta pela mulher e quatro filhos. Ele fala com tristeza do tempo em que a pesca era abundante. Hoje, ele alimenta a família com três vacas, que sobrevivem como podem numa terra árida privada de nutrientes.
Diante dessa situação, moradores criaram uma associação e obtiveram apoio da Alta Autoridade Binacional do Peru e da Bolívia para desenvolver projetos agrícolas alternativos. Sergio Nao, engenheiro da Alta Autoridade do Lago Titicaca, constata que o clima se descontrolou e se tornou impossível fazer previsões sobre sua evolução. Para piorar a situação, a seca e a poluição produziram no lago uma camada de poluentes que mata as espécies aquáticas. Em compensação, técnicos agrícolas descobriram que essa camada de poluentes pode se transformar numa espécie de húmus, que revitaliza a terra para o plantio de batata.
Com a ajuda da Alta Autoridade, os moradores da região do Titicaca têm construído estufas onde cultivam batata na terra "adubada". O sucesso desse projeto deu nova esperança aos moradores da região, que também aprendem novas técnicas de plantio.
Ameaçado pelas mudanças climáticas e pela poluição gerada pela cidades no entorno, nessa região onde o oxigênio é raro, o Lago Titicaca tende a desaparecer, segundo os mais pessimistas. Outros temem o ressecamento de áreas inteiras, provocando a fragmentação do Titicaca em lagos menores. Enquanto isso, os bolivianos aprendem a viver com uma menor dependência dessas águas.
(Reportagem de Aida Palau)
Repórter on line
19/03/2010 12:39 TU
19/03/2010 11:43 TU
19/03/2010 11:26 TU
18/03/2010 16:34 TU
16/03/2010 13:51 TU
Repórter online
Esportes
Cotações + Meteorologia