Reportagem publicada em 18/12/2009 Última atualização 19/12/2009 19:53 TU
Depois de 12 dias de longas negociações e reuniões bilaterais, na tentativa de obter um consenso em relação à redução de emissões de gases poluentes e limitar o aumento da temperatura terrestre em 2° até o fim do século, as discussões em Copenhague devem acabar em um acordo sem compromisso jurídico, obtido de última hora. Segundo o presidente norte-americano Barack Obama, o documento, "sem precedentes", apesar de não ter status jurídico, levará os países a definirem metas de redução e servirá de base na luta contra o aquecimento global.
Às 21h30 desta sexta-feira, horário local, boa parte dos chefes de estado dos países emergentes já haviam deixado a capital dinamarquesa, entre eles o presidente Lula. Nas reuniões, que devem continuar durante a noite, o Brasil deve ser representado pelo ministro do meio-ambiente Carlos Minc. Os países industrializados decidiram deixar para janeiro de 2010 a discussão da adoção de metas de redução até 2020 estipuladas até agora.
No fim da noite, os Estados Unidos, a China, Índia e África do Sul firmaram um acordo paralelo à Conferência de Copenhague, informou uma fonte do governo americano. O documento, mesmo que seja considerado “insuficiente”, limita o aquecimento global em 2° até o final do século e estipula mecanismos de financiamento de programas que diminuam o impacto ambiental.
Vários projetos estão sendo discutidos, segundo a enviada especial da RFI à Copenhague, Ana Carolina Dani. O último deles, um documento de três páginas, estipula como objetivo mundial uma redução de 50% das emissões até 2050 e prevê 100 bilhões de dólares para o fundo de médio prazo que deve financiar ações de luta contra o aquecimento do planeta nos países em desenvolvimento, mas não prevê metas específicas de redução por países ou região.
Segundo fontes diplomáticas brasileiras, houve progressos com relação ao principal ponto de divergência entre Estados Unidos e China, o chamado MRV, mecanismo internacional que prevê medir e verificar ações nacionais de redução de emissões de CO2. Contrários a esse princípio, os chineses poderiam voltar atrás e aceitar a menção no texto final. Os chineses propuseram uma redução de 40 a 45% de intensidade energética (emissão de dióxido de carbono por unidade de PIB) em 2020, em relação aos índices de 2050. Uma meta considerada insuficiente por muitos países. Somente nesta sexta-feira, o presidente norte-americano Barack Obama reuniu-se duas vezes com o premiê chinês Wen Jiabao..
EUA mantém metas
Se ainda existia alguma expectativa de que os Estados Unidos pudessem deixar algum anúncio para o último dia da Conferência do Clima da ONU, essa esperança se desfez depois do discurso do presidente norte-americano Barack Obama, nesta sexta-feira. Obama não anunciou nenhuma mudança na posição americana, ou seja, reduzir em 17% as emissões de gases poluentes tendo como base o ano de 2005 e não 1990, como determina o Protocolo de Kyoto.
Os norte-americanos não revisaram para cima suas metas de redução de gás carbônico, consideradas pouco ambiciosas pela maior parte dos países participantes, e tampouco se comprometeram a torná-las obrigatórias. Obama também voltou a cobrar responsabilidade, transparência e compromisso dos países para cumprir seus objetivos nacionais e disse que os líderes mundiais devem aceitar um acordo, mesmo que ele esteja aquém do esperado.
Lula está frustrado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou pouco antes do presidente norte-americano e abriu o discurso dizendo que estava frustrado com o avanço das negociações. "É importante que nós, os países em desenvolvimento e ricos, não pensemos que estamos fazendo um favor, dando esmola, porque esse dinheiro que vai ser colocado na mesa, é o pagamento pela emissão de gases causadores de efeito estufa, feitos durante 2 séculos, por quem teve o privilégio de se industrializar primeiro. Não é uma barganha de quem tem ou não dinheiro. É um compromisso mais sério, é um compromisso para saber o que é verdadeiro ou não o que os cientistas estão dizendo, que o aquecimento global é irreversível."
O chefe de estado brasileiro salientou que não veio a Copenhague para barganhar, e anunciou que o Brasil está disposto a fazer um esforço para destravar as negociações, embora o tenha deixado claro que somente um milagre poderia ajudar a superar as divergências, mas se disse disposto a ajudar os países mais pobres. "Se for necessário fazer um sacríficio a mais, o Brasil está disposto a colocar mais dinheiro na mesa para os outros países."
Os líderes mundiais têm oficialmente até meia-noite para chegar a um acordo global para lutar contra o aquecimento do planeta. Durante a manhã, cerca de 30 ministros, chefes de estado e de governo, entre eles o presidente Lula, estiveram reunidos a porta fechadas, debruçados sobre um projeto de declaração política. O rascunho desse projeto, que continua sendo discutido, admite que se deve limitar a 2 ° aquecimento do planeta neste século, mas não traz metas de redução de CO2.
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"Se for necessário fazer um sacríficio a mais, o Brasil está disposto a colocar mais dinheiro na mesa para os outros países."
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