Haiti/terremoto

Mais de 90 sobreviventes são retirados dos escombros

Reportagem publicada em 18/01/2010 Última atualização 19/01/2010  09:43 TU

Em Nova York, a comunidade haitiana se reúne em frente à Radio Soleil, na tentativa de encontrar soluções para ajudar seus compatriotas.
Foto: Reuters

Mais de 90 sobreviventes foram retirados dos escombros sete dias após o terremoto que abalou o Haiti. O número total de vítimas fatais pode chegar a 200 mil e 70 mil pessoas já foram enterradas. Pelo menos 250 mil pessoas ficaram feridas e há 1,5 milhão de haitianos desabrigados. Nesta segunda-feira, a ONU anunciou o envio de mais 3500 soldados.

O clima de caos e confusão predomina na capital Porto Príncipe. As lojas e supermercados continuam sendo saqueados e incidentes violentos provocados por pessoas armadas de facas e machados foram registrados. O estado de emergência decretado no país deve vigorar até pelo menos o final do mês. O luto oficial vai até 17 de fevereiro.

Ajuda internacional

Reuniões de emergência para ajudar o Haiti acontecem em Nova York e na Europa. Em Bruxelas, a União Europeia deve anunciar nesta segunda-feira a liberação de até 100 milhões de euros em ajuda humanitária. A França acaba de anunciar que vai doar 10 milhões de euros à ONU.

Em Genebra, na Suíça, acontece uma reunião de vários escritórios da ONU para discutir estratégias de ajuda ao Haiti. Os Estados Unidos vão enviar mais dez mil soldados para ajudar na distribuição de água e alimentos, ainda caótica, e na segurança do país. O presidente Barack Obama fez um apelo para que reservistas do exército participem da missão.

Mantimentos enviados pela ONU e associações humanitárias chegaram pela primeira vez no domingo a Challe, acampamento para dez mil desabrigados nas proximidades da capital haitiana devastada. Muitas famílias ficaram frustradas com a ração alimentar, composta de biscoitos. Um coordenador do acampamento, situado entre o aeroporto e a capital Porto Príncipe, fez apelo por água e medicamentos, principalmente para idosos e crianças.

Tropas da ONU, responsáveis pela segurança no acampamento dizem que o Programa Mundial Alimentar, PMA, da ONU enviou muita água e comida, mas não há caminhões para a distribuição e os produtos continuam estocados perto do aeroporto. Cerca de 280 centros de emergência devem ser montados na capital pelo PMA ainda nesta segunda-feira para distribuir ajuda e abrigar as vítimas, segundo uma fonte do governo.

Sobreviventes

Dezenas de Sobreviventes continuam esperando tratamento em hospitais lotados e clínicas improvisadas. Algumas pessoas foram retiradas com vida dos escombros no final de semana, mas as esperanças de encontrar mais sobreviventes são mínimas.

Uma alemã, sócia de um hotel de luxo em Porto Príncipe, conseguiu mandar um torpedo para seu filho, após quatro dias soterrada nos escombros do hotel Montana, informa o jornal alemão Bild de hoje. Nadine Cardoso-Riedl, de 62 anos, foi encontrada nas primeiras horas de domingo, bastante desidratada, mas em condições estáveis de saúde. Cerca de 200 pessoas podem estar soterradas nos escombros do mesmo hotel.

Crise humanitária

Essa é a pior crise humanitária enfrentada pela ONU em décadas, declarou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban ki-moon, durante visita no domingo ao país. "Vocês não estão sozinhos", falou Ban aos haitianos. Ele prometeu que vai acelerar o ritmo das operações de resgate e encaminhamento de ajuda as vítimas do terremoto.

O Brasil, que lidera militarmente a Missão de Estabilização da ONU no Haiti, a Minustah, conta até o momento com 17 vítimas no Haiti: 15 militares, a médica Zilda Arns e o número dois da Minustah, o diplomata Luis Carlos da Costa. O chefe da missão da ONU, o tunisiano Hédi Annabi, também morreu no terremoto.

A ONU perdeu até o momento cerca de 40 funcionários na tragédia. As Nações Unidas estimam que o forte terremoto da última de terça-feira, que atingiu magnitude 7 na escala Richter, afetou 3 milhões de pessoas, isto é, um terço da população haitiana.

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