Moçambique / Eleições autárquicas

A RENAMO considera que os resultados das eleições foram planeados e previstos com bastante antecedência

Reportagem publicada em 24/11/2008 Última atualização 24/11/2008 16:10 TU

Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, principal partido da oposição em Moçambique.
Foto : RFI / Carlos Jossia

Numa primeira reacção aos resultados das eleições autárquicas que dão vantagem ao partido no poder - a FRELIMO - na maioria dos 43 municípios com excepção da presidência da Beira cujos resultados dão larga vitória ao candidato independente Deviz Simango, o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, afirma que o processo eleitoral foi manchado por "factos estranhos”. E explica :

 “ Camiões e camiões transportavam pessoas dos distritos para as cidades e vilas autárquicas para irem votar. Perguntamo-nos a nós mesmos, como é que uma pessoa portadora de um cartão de eleitor de um distrito pode votar numa autarquia de uma vila ou cidade onde o seu nome não consta do caderno dos eleitores inscritos?”

Sem adiantar quaisquer esclarecimentos sobre o reconhecimento dos resultados eleitorais, Afonso Dhlakama preferiu insistir na questão dos “factos estranhos” que o levaram a chegar a uma conclusão : “O resultado destas eleições foi planeado e previsto com bastante antecedência a um determinado nível do Estado moçambicano”. Os resultados das eleições autárquicas de 19 de Novembro ainda não foram oficialmente divulgados, contudo e com base na contagem parcial a FRELIMO, partido no poder redesenha a nova geografia política de Moçambique com maiorias superiores a 90% conquistadas em grande parte dos municípios.

Analistas políticos em Maputo consideram que esta não é só uma estrondosa derrota para a Renamo mas é sobretudo uma grande derrota política para o seu líder, Afonso Dhlakama que começa a sofrer pressões dos seus correligionários para a convocação, o mais breve possível, de um congresso extraordinário onde será discutida a liderança do maior partido da oposição que corre o risco de desaparecer do ambiente político moçambicano já em 2009 durante as próximas eleições legislativas e presidenciais. 

 Com a colaboração do nosso correspondente em Maputo, Carlos Jossia