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França/Sociedade

Pressão no trabalho provoca onda de suicídios na France Télécom

Reportagem publicada em 16/09/2009 Última atualização 29/09/2009  10:41 TU

O ministro do Trabalho, Xavier Darcos (no primeiro plano), exigiu do presidente da France Télécom, Didier Lombard (à esquerda), mudanças na gestão dos recursos humanos na empresa.

O ministro do Trabalho, Xavier Darcos (no primeiro plano), exigiu do presidente da France Télécom, Didier Lombard (à esquerda), mudanças na gestão dos recursos humanos na empresa.


O vigésimo-terceiro suicídio em pouco mais de um ano na empresa de telefonia France Télécom acabou exigindo uma intervenção do governo Sarkozy. Principal acionista do grupo de telecomunicações, o Estado francês, através de seu ministro do Trabalho, Xavier Darcos, convocou esta semana o presidente da empresa, Didier Lombard, para reavaliar a estratégia do grupo. Já está acertado que a empresa vai contratar mais médicos e pessoal de Recursos Humanos para aplicar um plano antiestresse junto dos funcionários.

O mais recente suicídio na France Télécom aconteceu no dia 11 de setembro. Uma funcionária de 32 anos se jogou do 4° andar de uma unidade do grupo em Paris. O drama aconteceu depois de uma reunião que tratou da reorganização do setor em que ela trabalhava. Em uma semana, outros dois empregados da empresa tentaram se matar, mas foram salvos pelos colegas.

O drama atual na France Télécom tem sido manchete de toda a imprensa francesa nos últimos dias. O Novo Partido Anticapitalista francês, que reúne grupos da esquerda radical, chegou a pedir a demissão do presidente do grupo.

A France Télécom perdeu nos últimos 10 anos seu monopólio no setor da telefonia fixa e sofre uma concorrência acirrada dos outros operadores. Por esta razão, a empresa passa por um processo de reestruturação que pressupõe um grande remanejamento de seus funcionários.

Em entrevista à RFI, Olivier Brenaget, delegado sindical na France Télécom e membro do comitê nacional de higiene e saúde no trabalho da empresa, comenta o impacto da reestruturação na rotina de trabalho dos empregados. Brenaget trabalha há 28 anos na France Télécom e explica que o grande problema no grupo é o fato de os funcionários terem sido obrigados a trabalhar em funções que eles nunca haviam exercido antes, sob forte pressão das chefias para atingir metas comerciais.

(Reportagem de Adriana Moysés)

ÁUDIO

Olivier Brenaget

Delegado sindical na France Télécom

"A direção impôs um volume de vendas, uma supervisão cerrada dos empregados e um sistema de avaliação com metas inatingíveis."

16/09/2009