Exposição/ Paris

Cité de la Musique homenageia Miles Davis

Reportagem publicada em 04/11/2009 Última atualização 04/11/2009  18:21 TU

Exposição sobre Miles Davis fica aberta em Paris até o dia 17 de janeiro
Foto: Divulgação/ Cité de la Musique

O museu da Cité de la Musique, a Cidade da Música de Paris, organiza nesse momento uma enorme exposição sobre o músico Miles Davis.

Intitulada We Want Miles, o evento retraça a trajetória daquele que ficou conhecido como um dos maiores artistas de jazz de todos os tempos e que marcou várias gerações com o som de seu trompete.

Nascido em 1926 no Illinois, nos Estados Unidos, Miles Davis desenvolveu a paixão pela música influenciado pelos trompetistas que tocavam em sua St. Louis natal. Fascinado pelo be-bop e pela nova geração do jazz que se formava na época, ele logo se mudou para Nova York e conseguiu, em pouco tempo, se tornar o trompetista oficial de outro ícone do jazz, o grande Charlie Parker.

A partir de então, a carreira do artista não parou mais: clubes de jazz da Big Apple, participação em grandes festivais, carreira na Europa, colaborações prestigiosas e o reconhecimento em uma burguesia branca, apesar ter consciência do racismo latente dos Estados Unidos do final dos anos 40. Foi de Davis, por exemplo, a ideia de colocar, em 1961, uma negra na capa de seu disco Someday my prince will come, uma iniciativa rara em um mercado habituado como as modelos brancas.

Dominique Dreyfus, documentarista e jornalista especializada em música, comenta o trabalho de Miles Davis e a exposição que o homenageia na Cité de la Musique. “Ele foi um precursor, que como uma locomotiva de um trem, foi levando o jazz para frente”, afirmou Dreyfus, que foi a responsável pela exposição sobre a MPB organizada também na Cité de la Musique em 2005, durante o ano do Brasil na França.

Miles Davils ficou conhecido por sua capacidade de acompanhar a evolução da música no tempo. Jazz, be-bop, rock fizeram parte do seu percurso e até mesmo o rap influenciou seu trabalho pouco antes de sua morte em 1991.

Mas Davis também teve seus momentos de provocação, quando, apesar das críticas dos puristas, criou uma versão para a música Time after time, da cantora pop Cindy Lauper.

Durante o percurso da exposição parisiense, o visitante pode ver um vídeo no qual o então jovem cineasta Louis Malle conta como Miles Davis compôs a trilha para o filme francês Ascenseur pour l’échafaud, o Ascensor para o Cadafalso, em 1957, de maneira quase improvisada ao mesmo tempo em que via as imagens de Jeanne Moreau andando pelas ruas de Paris.

A exposiçao We Want Miles fica em cartaz até o dia 17 de janeiro no museu da Cité de la Musique, a Cidade da Música, no Parque da Villette, em Paris.

(Reportagem: Silvano Mendes)