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Recuperação econômica

França e Alemanha enfrentam recordes da dívida pública

Reportagem publicada em 03/11/2009 Última atualização 04/11/2009  15:59 TU

Os dois países mais ricos da Europa estão sofrendo com o aumento da dívida pública.  Foto: Comissão Européia

Os dois países mais ricos da Europa estão sofrendo com o aumento da dívida pública.
Foto: Comissão Européia

Apesar de terem um status de riqueza cobiçado por outras nações, a situação econômica da Alemanha e da França não anda tão bem assim. Os dois países, que ocupam respectivamente a primeira e a segunda posição no ranking dos mais altos PIBs (Produto Interno Bruto) da Europa, estão enfrentando os resquícios da crise e sofrem com um mesmo fantasma: a forte alta do déficit público.

O aumento da dívida foi provocado pelos gastos extras dos governos para evitar a recessão. Mas as reações já começam a aparecer. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, anunciaram propostas de tendência liberal, segundo especialistas, para impulsionar a retomada econômica.

O líder francês prometeu não aumentar os impostos nem a pressão fiscal, e afirmou que vai reduzir o imposto para os empregadores, o que representa uma economia de 5,6 bilhões de euros para as empresas. Com a medida, a previsão é de que o déficit público fique em 8,2% do PIB em 2009 e chegue a 8,5% em 2010, um número ainda bem superior ao limite de 3% sugerido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento da União Europeia.

No caso da Alemanha, a reeleição de Angela Merkel em outubro significa uma nova era de reformas ousadas. Com seus novos aliados liberais, a chanceler prometeu reduzir os impostos em 24 bilhões de euros, entre 2010 e 2013, num momento em que a dívida publica alemã bateu o recorde de 47,6 bilhões de euros. O valor equivale a quase 20 mil euros por habitante. Até o déficit público, que era desprezível em 2008 - 0,1% do PIB -, deve aumentar para 3% neste ano.

Analistas não estão otimistas sobre a redução das dívidas

Segundo o economista alemão Manfred Nitsch, professor da Universidade Livre de Berlim, cortar os impostos é uma aposta arriscada e ao mesmo tempo necessária para a economia da Alemanha.

"Todo mundo sabe que o Estado tem agora o dever de fomentar a conjuntura econômica. Naturalmente, os que dependem do Estado, veem com grande preocupação a diminuição dos impostos", afirmou Nitsch. "Merkel acha que apenas o estímulo ao setor privado vai aumentar a taxa de crescimento. O déficit público é um mal necessário."

Apesar da boa relação entre a Alemanha e a França, lembrada por Nitsch, os líderes dos dois países divergem quanto à questão do déficit público. Enquanto Merkel defende o aumento das taxas para reativar a economia, Nicolas Sarkozy já anunciou sua disposição em baixá-las.

Para o economista francês Christian Azais, da Universidade Paris Dauphine, o presidente da França terá dificuldades em sua missão de reduzir o buraco nas contas públicas.

"A situação é preocupante a partir do momento em que, quando Sarkozy foi eleito, ele apontava para um dos problemas graves da França, o déficit público, e se prontificou em reduzir este déficit. Agora, a previsão é de que passe para 8,5% do PIB, e acredito que dificilmente ele vai conseguir baixá-lo", afirmou Azais.

Ouça as entrevistas do programa Tendência Europa:

Manfred Nitsch, professor da Universidade Livre de Berlim

"O déficit público é um mal necessário"

03/11/2009