Por Monique Matni, enviada especial da RFI a Cannes.
Reportagem publicada em 20/05/2009 Última atualização 21/05/2009 15:25 TU
Nesta quarta-feira, mais dois filmes serão apresentados na mostra oficial do Festival de Cinema de Cannes, na corrida para a Palma de Ouro: "Inglourious Basterds", do norte-americano Quentin Tarantino, e "Les Herbes Folles", do francês Alain Resnais.
Não é de hoje que Tarantino desejava fazer este filme. O projeto estava na cabeça do genial diretor norte-americano há mais de dez anos, desde que ele viu "Inglourious Bastards" de Enzo Castellari em 1978. Tarantino fez não um remake mas um novo filme com a trama de Castellari.
Na França dos anos 40, ocupada pelo regime de Hittler, chega um grupo de justiceiros judeus americanos obstinados em massacrar os nazistas. O líder dos justiceiros é a estrela do cinema atual, Brad Pitt, que interpreta com muita desenvoltura o judeu camponês americano sedento de vingança. "Inglourious Basterds" também acompanha Shosanna Dreyfus, judia francesa, que assiste ao massacre de toda sua família. Anos depois, em Paris, dona de um cinema, Shosanna, interpretada pela jovem francesa Mélanie Laurent, prepara um plano para se vingar do alto escalão nazista durante a première de um filme destinado a enaltecer à imagem da Alemanha.
O destino dos justiceiros judeus americanos e de Shosanna Dreyfus se cruzaram na sala de projeção onde acontece um banho de sangue à la Tarantino. "Inglourious Basterds" é a prova de que Quentin Tarantino criou seu próprio vocabulário cinematográfico. A mistura de gêneros de filmes é um dos seus ingredientes preferidos. Só para se ter uma ideia, no início da fita, na França ocupada pelos nazistas, a primeira cena tem ares de um filme de Sergio Leone, conhecido por seus westerns onde prima a vingança. Pouco antes do final do filme, na sala de cinema, palco da batalha final, uma música de David Bowie dos anos 80 dá o tom da tragédia. Quentin Tarantino já ganhou a Palma de Ouro em Cannes com "Pulp Fiction".
Resnais, veterano da Nouvelle Vague volta a Cannes
Em outro estilo, o veterano da competição oficial, Alain Resnais, apresenta "Les Herbes Folles", uma comédia leve com ótimos atores franceses. Aos 86 anos, Resnais se inspirou no livro "L'incident" de Christian Gailly. A trama é simples: Marguerite Muir, interpretada por Sabine Azema, que mais parece um personagem de desenho animado, é roubada. Georges Palet, vivido pelo ator André Dussollier, acha sua carteira e o destino dos dois personagens muda.
Em entrevista, Alain Resnais disse que o título do filme não é um acaso. "Les Herbes Folles" é uma espécie de erva daninha, que aparece em qualquer lugar onde a gente menos espera, entre paralelepípedos no meio da rua, entre fissuras nos muros. Resnais afirmou que queria que seus personagens fossem incapazes de resistir à vontade de cometer atos irracionais. Na sessão para a imprensa, a maioria da plateia apreciou a nova fita de Resnais, mas não aposta na Palma para "Les Herbes Folles".
Um dos grandes nomes da Nouvelle Vague, Alain Resnais ficou conhecido nos anos 50 com seu documentário "Noite e Neblina", até hoje considerado um dos mais fortes e contundentes feitos sobre o holocausto. Em 1959, fez o polêmico, "Hiroshima, Meu Amor", com roteiro de Marguerite Duras, sobre o caso de uma francesa com um oficial alemão em plena ocupação nazista.
Em 1961, com O Ano Passado em Marienbad, Resnais usou o grande escritor do movimento Nouveau Roman, Alain Robbe-Grillet, para criar a história de um homem que tenta convencer uma mulher a fugir com ele, mas ela não consegue se lembrar do caso que eles tiveram no ano passado em Marienbad. O filme venceu o Festival de Veneza e causou furor no mundo inteiro.
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