Muro de Berlim/aniversário

A Alemanha e seus novos muros

Por Letícia Constant

Reportagem publicada em 29/09/2009 Última atualização 05/11/2009  14:32 TU

Sérgio Costa: "A sociedade alemã tem enorme dificuldade de integrar imigrantes, especialmente os turcos e árabes."

Até que ponto o "fantasma" do Muro de Berlim está presente na sociedade alemã de hoje?  A nova geração tem consciência do peso deste fato histórico? Ainda existem diferenças entre o Leste e o Oeste da capital?

Sérgio Costa, professor de Sociologia da Universidade Livre de Berlim e diretor do Instituto de Estudos Latino-Americanos de Berlim, considera que a nova geração tem conhecimento da existência do Muro e entende que ele marcou a história da Alemanha, mas este conhecimento é muito mais didático do que ponto de vista da vivência.

Sérgio Costa cita dois fenômenos que marcam ainda as diferenças profundas entre os dois lados da Alemanha: "Um deles, empiricamente constatado, é o extremismo de direita, mais marcado entre os jovens da parte oriental, onde existe mais desemprego, frustração e outros problemas. O partido nacionalista tem mais votos nesta área, onde os delitos também são maiores. O outro diferencial grave é do ponto de vista do desenvolvimento econômico", observa Costa. A economia estagnada do Leste alemão, que já era obsoleta, não suportou a concorrência da modernidade do Oeste do país, tanto na agricultura quanto no setor industrial. 

Quanto à existência de um "muro invisível" na Alemanha contemporânea, Sérgio Costa cita, primeiramente, a discriminação que os alemães orientais sofrem por parte dos alemães ocidentais, principalmente por pessoas da faixa etária acima de trinta anos. O outro "muro", bem mais grave segundo o professor, é a dificuldade dos alemães integrarem os imigrantes turcos e árabes em sua sociedade.

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