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Muro de Berlim/Gastronomia

O sabor da memória

Por Letícia Constant

Reportagem publicada em 02/10/2009 Última atualização 02/10/2009  16:36 TU

Para a gastrônoma Sabine Hueck, a nostalgia da cozinha da Alemanha Oriental é mais pela história do que pelo sabor.Foto:LC

Para a gastrônoma Sabine Hueck, a nostalgia da cozinha da Alemanha Oriental é mais pela história do que pelo sabor.
Foto:LC

Ostalgie, ou nostalgia pelo Leste (Ost, em alemão) é o nome de um movimento, principalmente entre as gerações mais velhas da Alemanha Oriental, que cultiva o saudosismo da República Democrática Alemã, a RDA. Se ninguém lamenta o fim da ditadura comunista, algumas referências do dia a dia tornaram-se moda. Como exemplo, podemos citar os Trabis, os carros típicos do leste, assim como diversos produtos alimentícios.

A gastrônoma e escritora brasileira radicada em Berlim, Sabine Hueck, fala da influência da cozinha da Alemanha Oriental na culinária atual. "Preferimos comer certos pratos em Berlim Oriental pois são melhor preparados por lá, como, por exemplo, as salsichas chamadas Thüringer Wurst, da região de Thüringen, o bolo Christstollen, de Dresde, que se come no Natal, cuja massa é enroladinha como o Menino Jesus e outras receitas", diz Sabine. Um outro produto em conserva que ficou famoso depois do filme "Adeus, Lênin", do diretor alemão Wolfgang Becker, são os pepinos em conserva Spreewald, consumidos até hoje."São grandes, mais suculentos do que os outros e os temperos são bem variados também, a gente fica viciada ", brinca Sabine.

Para a especialista, essa nostalgia é histórica pois os produtos nem são muito saborosos. "Eles não tinham muitos ingredientes, apenas os regionais e os que vinham da Hungria ou da Polônia", lembra Sabine, comentando que na época havia filas imensas para se comprar frutas para o Natal.

Quanto à uma "reunificação" da cozinha do Leste com o Oeste, não aconteceu.

ÁUDIO

Sabine Hueck, gastrônoma

02/10/2009