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Muro de Berlim/Política

A Alemanha e a Europa, depois do Muro

Por Letícia Constant

Reportagem publicada em 03/10/2009 Última atualização 06/11/2009  17:19 TU

Porta de Brandenburgo, em Berlim, símbolo da separação da capital alemã pelo Muro.Foto: DR

Porta de Brandenburgo, em Berlim, símbolo da separação da capital alemã pelo Muro.
Foto: DR

 A Alemanha dividida

Logo depois da queda do Muro de Berlim, que marcou o final da Guerra Fria, era fundamental para os Estados Unidos e os países europeus ocidentais garantirem a presença da Alemanha Ocidental ao seu lado. O bloco do Leste representava uma ameaça e uma união Ocidental sólida era a estratégia de defesa mais segura.  

Bandeira da Alemanha Oriental.

Bandeira da Alemanha Oriental.

      Para atingir esse objetivo, foi necessário não apenas fortalecer as relações econômicas entre Alemanha Ocidental e os outros países da União Européia, mas também impedir uma aproximação entre as duas Alemanhas. “Para evitar a tentação do lado Ocidental alemão pelo lado Oriental, os países ocidentais foram ainda mais longe, oferecendo proteção contra a ameaça nuclear soviética”, explica Stéphane Montclaire, professor de Ciências Políticas da Universidade Paris 1. A relação da Alemanha Ocidental com os outros países garantia o projeto de um espaço de paz no Velho Continente acostumado a ser palco de guerras.

       Hoje, vinte anos depois da queda do Muro, a Alemanha está reunificada e na fronteira do Leste do país com a Rússia estão outros países que fazem parte da União Europeia. Assim, Alemanha não é mais o único país ocidental fronteiriço com o bloco soviético. Com o fim da Guerra Fria, as relações alemãs com a Europa são focadas em dois pontos: a economia e o fortalecimento da União Europeia.

O casal franco-alemão

       Alemanha e França formam, como se diz nos meios políticos europeus, “um casal”. As relações entre os dois países são fortes e as divergências, mesmo com alguns estremecimentos, nunca comprometeram a sua estabilidade. Quando o Muro de Berlim caiu, a França era dirigida por François Mitterrand e a Alemanha pelo chanceler Helmut Kohl, o responsável pela reconstrução da Alemanha pós-guerra.      

A chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em 2009.Foto: Reuters

A chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em 2009.
Foto: Reuters

 "Hoje o 'casal' não funciona apenas para as questões econômicas, de defesa ou de política externa, mas sobretudo para a construção europeia, convergendo suas legislações internas e suas culturas”, analisa Stéphane Montclaire.

       Quanto ao atual panorama político da Alemanha – a chanceler Angela Merkel foi reconduzida para um segundo mandato com uma coalizão de centro-direita - o analista acredita que não ocorrerão grandes transformações na relação bilateral: “O que pode mudar é que alguns membros do novo governo alemão se entendam melhor, nunca as relações entre França e Alemanha foram tão fortes, independentemente dos seus governantes”, diz Montclaire, concluindo que a visão da França e da Alemanha sobre a necessidade de construir ainda mais a União Europeia, do ponto de vista institucional, é comum e prioritária.

ÁUDIO

Stéphane Montclaire, cientista político

- "Nunca as relações entre França e Alemanha foram tão fortes, independentemente dos seus governantes”

03/10/2009