Entrevista/Pierre Rivas

Literatura francesa não está em declínio

Reportagem publicada em 12/05/2009 Última atualização 19/05/2009 09:23 TU

Capa do livro "Diálogo Interculturais", de Pierre Rivas
Foto: Reuters

Historicamente, um dos setores mais dinâmicos da relação cultural franco-brasileira é o literário. O Brasil se inspirou no modelo francês para desenvolver sua literatura nacional após a independência de Portugal em 1822. O francês era a língua estrangeira mais falada pela elite brasileira até a Segunda Guerra Mundial, quando foi desbancada pelo inglês. Essa relação não foi apenas unidirecional.

O Brasil também inspirou escritores franceses, principalmente no século 20. Pierre Rivas é tradutor e professor emérito de literatura comparada da Universidade de Paris 10, em Nanterre, um dos maiores especialistas de literatura brasileira na França. Ele foi convidado e vai ao Brasil este ano duas vezes para participar do Ano da França.

Em julho, Pierre participa, no Rio de Janeiro, do ciclo de conferências "A França no Brasil" organizado pela Academia Brasileira de Letras. Pierre Rivas vai falar sobre o modelo francês e a construção da literatura brasileira. "Recebi esse convite com muita honra", diz o professor.

"A literatura francesa mudou" 

No segundo semestre, Pierre Rivas também participa da Feira do Livro de Porto Alegre, que acontece de 30 de outubro a 15 de novembro, e, neste ano, homenageia a França. Antes de voltar para Paris, no encerramento do ano da França no Brasil, em novembro, o professor também vai falar sobre um de seus temas preferidos: a presença do Brasil na literatura francesa.

Pierre Rivas lembra, por exemplo, que o Brasil foi marcante na vida e obra do poeta surrealista Benjamin Péret, que casou com uma brasileira, e viveu no país entre 1929 e 1931, antes de ser expulso pelo governo de Getúlio Vargas como agitador comunista. "Vou tentar mostrar também que a ideia de que a literatura francesa está em declínio é falsa. A literatura mudou. O papel do grande escritor, como Sartre, Camus, Malraux, mudou."

ÁUDIO

 (Reportagem realizada por Adriana Brandão)