Reportagem publicada em 20/11/2008 Última atualização 20/11/2008 17:43 TU
Há dez anos, o Organismo Nacional de Florestas da França, ONF, comprou, com a ajuda financeira da construtora Peugeot, 10 mil hectares de terra desmatada no estado do Mato Grosso. Esse projeto, inédito, tinha como objetivo reflorestar o que na época era um pasto. Uma década depois, foram plantadas mais de dois milhões de árvores na fazenda São Nicolau, em uma superfície de 2 mil hectares.
A iniciativa interessa empresas de olho nos chamados "poços de carbono", que permitem que uma empresa poluidora compre créditos de carbono para compensar sua poluição, mas interessa também pesquisadores preocupados em encontrar fórmulas para evitar o desmatamento, sem deixar de lado as populações locais.
O projeto do ONF e da Peugeot é acompanhado, sem contrapartida financeira, por um comitê científico que se reuniu nesta quinta-feira, 20, em Paris, para apresentar os resultados do programa até o momento.
"Trata-se de um projeto excepcional" , diz Hervé Théry, geógrafo francês e presidente do comitê científico do projeto. " Não é todo dia que um construtor de carros planta árvores na Amazônia ", afirma ele.
A Peugeot investiu 700 milhões de dólares para instalar sua fábrica em Porto Real, no estado do Rio de Janeiro, e os 10 milhões de dólares, destinados ao programa de reflorestamento, indicam, segundo os cientistas, uma disposição da empresa em valorizar o conceito de uma montadora mais ecológica. "Não deixa de ser um gesto comercial para divulgar uma imagem mais ‘verde’ ", afirma Théry.
Manejo sustentável
Os produtores rurais podem utlizar a floresta para extrair madeira e receber pagamentos pelo "carbono fixado".
Foto: Peugeot
"Podemos manter a floresta em pé e só colhermos as madeiras em ponto de corte. Desta maneira podemos utilizar essa matéria –prima, que é o carbono fixado, e aumentar essa oferta através do plano de manejo", explica Afrânio Migliari, da secretaria de Mudanças Climáticas do Mato Grosso.
Segundo ele, fica demonstrado que o produtor tem a oportunidade de preservar a floresta e tirar benefícios econômicos, não apenas com a extração de madeira mas também com os pagamentos ambientais a partir dos programas de comercialização de carbono fixado.
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