Reportagem publicada em 11/12/2009 Última atualização 12/12/2009 16:42 TU
Os produtores de regiões como Borgonha e Champagne admitem sem constrangimento que as mudanças climáticas beneficiam as vinhas.
As mudanças climáticas, que trazem tantos efeitos negativos para o planeta, também interferem na cultura do vinho. Os efeitos do aquecimento global já são perceptíveis, como é constatado nos vinhedos localizados nas regiões mais quentes da França, no sul do país.
As consequências podem ser dramáticas, mas alguns produtores tiram vantagem desse fenômeno. Os viticultores de duas das principais regiões produtoras de vinho da França - Borgonha e Champagne - admitem, sem nenhum constrangimento, que estão satisfeitos com o aquecimento do planeta, como é o caso de Dominique Moncomble, diretor técnico do Comitê Interprofissional dos vinhos da região de Champagne: “Estamos muito satisfeitos, sim. É claro que, enquanto cidadãos do mundo, estamos preocupados, mas é evidente que as mudanças climáticas são muito favoráveis à produção de vinho na região”, declara o viticultor.
Um estudo do geógrafo Gregory Jones, da Univerdade de Oregon, nos Estados Unidos, revela que em 27 regiões vinícolas do mundo, as temperaturas subiram quase 2 graus entre 1950 e 2000. Mais calor é sinônimo de uvas com mais açúcar e teores altos de álcool. Na Califórnia, por exemplo, devem ser retirados o excesso de álcool de 75% dos vinhos produzidos no Vale do Napa.
Na França, nos vinhedos do Sul, o teor etílico médio do vinho tem aumentado, passando de cerca de 11 graus para 14 graus, segundo Bernard Seguin, especialista do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica.
Alteração das uvas, perda da tipicidade dos vinhos, migração das castas e dos vinhedos são algumas da consequências possíveis ligadas ao aumento das temperaturas. Será que países como a Polônia, Inglaterra ou Escandinávia se tornarão, um dia, produtores de vinho? A região da Borgonha, fiel à sua uva “pinot noir”, terá que adotar novas castas? A resposta divide os produtores da região. Jean Phillipe Bret, da La Soufrandière, que possui uma propriedade de 9 hectares quase na fronteira com a região de produção do Beaujolais, faz parte dos viticultores que defendem a noção do terroir (produção local) e que acreditam que as mudanças climáticas ameaçam a tipicidade dos vinhos da regiao.
(Reportagem de Ana Carolina Dani)
Ecologia
20/11/2008 17:36 TU
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